Em meio a embate sobre Amazônia, Mercosul fecha acordo de livre comércio com países europeus
Em meio à crise com a França, provocada pelas declarações sobre as queimadas na Amazônia, o Mercosul acaba de fechar um acordo de abertura comercial com os países do Efta, informa Mariana Carneiro.
O grupo reúne nações europeias — Suíça, Liechtenstein, Islândia e Noruega. A última envolvida em polêmica com o Brasil, em razão da suspensão do financiamento do Fundo Amazônia.
A rodada de negociações ocorre em Buenos Aires, na Argentina.
O grupo de países não faz parte da União Europeia, bloco com o qual o Mercosul fechou negociação de abertura comercial há dois meses.
O presidente da França, Emmanuel Macron, criticou o governo do presidente Jair Bolsonaro por não controlar as queimadas na Amazônia e, nesta sexta (23), a França informou que a falta de compromisso do Brasil com o meio ambiente pode dissolver o acordo de abertura comercial entre Mercosul e União Europeia.
Segundo a embaixadora Paula Barbosa, que integra a equipe negociadora brasileira, o percentual de abertura de mercados com o Efta é maior do que o obtido pelo Mercosul com a União Europeia (90%).
O Brasil vende principalmente carnes, milho e soja ao bloco. Segundo Barbosa, o Mercosul obteve condições favoráveis de acesso nestes produtos, com tarifas zeradas para quantidades vendidas dentro das cotas.
“Outro item relevante no comércio bilateral é a indústria farmacêutica, muito forte na Suíça. As condições negociadas na área de patentes foram similares às acordadas com a União Europeia”, afirmou, acrescentando que a produção de genéricos e políticas públicas nesta área não foram prejudicadas.
Barbosa disse que o embate público entre Macron e Bolsonaro não contaminou a negociação.
“Nós da área econômica tentamos encapsular esses assuntos para não contaminar a negociação”, disse.