Parlamentares e magistrados reagem a tentativa de dissociar novo favorito à PGR de Flavio Bolsonaro

Toma que o filho é teu A tentativa do Planalto de dissociar o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) do ingresso do subprocurador Antônio Carlos Simões Martins Soares na corrida pelo posto de procurador-geral da República incomodou integrantes do Legislativo e do Judiciário. Flávio intermediou contatos de Simões com parlamentares e integrantes de cortes superiores. E o próprio cotado não esconde, nas conversas, a proximidade com o filho de Jair Bolsonaro –num tom que, inclusive, causa estranhamento.

Sem pai nem mãe Dentro do Ministério Público Federal, Simões é visto como outsider por todas as alas que compõem a Procuradoria. A rejeição a ele é tamanha que ministros do STF temem a instalação de um quadro de isolamento e resistência ao nome que hoje é favorito ao posto.

Cada um por si Integrantes do Supremo e da cúpula da PGR lembram que o grau de autonomia dos procuradores é enorme e que Bolsonaro pode estar fazendo um cálculo equivocado ao imaginar que, indicando alguém da estrita confiança de sua família, vá conseguir controlar a corporação como um todo.

Rebelião O efeito, alertam esses ministros e procuradores, tende a ser o oposto: uma espécie de insubordinação generalizada às diretrizes de Simões.

Vapt-vupt O subprocurador esteve com o presidente do Supremo, Dias Toffoli, na quinta (15), mas a conversa não chegou a dez minutos, segundo pessoas próximas ao ministro. Eles devem falar novamente nesta semana. Toffoli, até agora, não se dispôs a fazer movimento para endossar o nome de Simões –mas também não sinaliza veto.

Árvore genealógica O apoio a Simões por parte de magistrados do Rio que integram cortes superiores se deve à amizade dele com o advogado Marcelo Fontes, sócio do escritório de Sergio Bermudes.

Quase Levantamento de um aliado do governo no Senado indica que Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) está a sete votos da aprovação no plenário para embaixador do Brasil nos EUA. Esse seria o número que separa o filho do presidente da maioria na Casa.

Todos contra um Entre os cerca de 21 senadores que pregam a renovação no Senado, a maioria, avalia um integrante do grupo, é contrária à nomeação de Eduardo. Essa ala prega a tese de que a indicação é ato de nepotismo.

Vá com Deus Integrantes dos três Poderes acompanham com atenção a reação da cúpula da Receita, que ameaça entregar os cargos em solidariedade a João Paulo Fachada, afastado da subsecretaria-geral do órgão nesta segunda (19). Com ironia, autoridades que torcem o nariz para o ex-número dois do fisco dizem esperar que os colegas dele honrem a ameaça.

Meu malvado favorito Apesar de a pressão sobre a Receita partir de Jair Bolsonaro, servidores do órgão preferem concentrar artilharia em ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) e do Supremo que proferiram decisões contrárias à instituição.

Vamos dar as mãos O objetivo seria evitar constranger parlamentares bolsonaristas e defensores da Lava Jato que podem ser úteis na defesa do fisco intermediando o diálogo com o presidente. E, de quebra, atacam inimigos comuns.

Por você A articulação de senadores para tentar abrir nova CPI da Lava Toga usará como argumento a suspensão de dois servidores da Receita pelo Supremo.

Dois pesos O afastamento dos dois auditores gerou comoção entre colegas. Nos processos administrativos disciplinares, um foi apenas advertido e o outro, inocentado.

Para ontem A coordenadora do grupo de trabalho da Câmara que analisa o pacote anticrime de Sergio Moro, Margarete Coelho (PP-PI), quer tentar encerrar os trabalhos do colegiado nesta semana.

Visita à Folha João Miranda, diretor-presidente da Votorantim, visitou a Folha nesta segunda-feira (19). Estava acompanhado de João Schmidt, diretor de Desenvolvimento Corporativo, Sérgio Malacrida, diretor de Finanças, Alessandra Tucci, gerente-geral de Comunicação, e Lia Mara Sacon, diretora de Atendimento da FleishmanHillard Brasil.


TIROTEIO

Entregar dados da Receita sem aval judicial é violar um direito protegido pela Constituição, o que é inadmissível

Do advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, sobre diálogos que mostram a Lava Jato requisitando oficiosamente informações do Fisco