Moro mantém popularidade maior que a de Bolsonaro, mostram pesquisas de siglas
O pulso ainda pulsa As fraturas acumuladas por Sergio Moro (Justiça) entre integrantes dos três Poderes nos últimos dois meses não foram suficientes para corroer o apoio que ele tem em diversos setores da sociedade. Sob forte pressão desde o início da publicação de mensagens pelo The Intercept, em 9 de junho, a força do ministro foi testada em pesquisas internas de partidos. Ele não ostenta a aprovação de outrora —perdeu pontos na casa das dezenas—, mas “mesmo fraco é forte, maior do que Jair Bolsonaro”.
Todos os lados Partidos de centro e centro-direita fizeram nos últimos dias levantamentos municipais e nacionais. A popularidade de Moro foi testada na segunda categoria.
Ponto de vista Aliados do ministro da Justiça reconhecem que ele está sob fogo cerrado, uma peça central no que chamam de “crise de confiança entre a Lava Jato e Brasília”, mas dizem que seu trabalho na segurança pública, os índices que tem apresentado, lhe dão sustentação no cargo para além da espuma política.
Para todo gosto Apesar de o presidente ter exibido Moro no início de sua live desta quinta (8), são vastos os relatos da crescente desconfiança entre Bolsonaro e seu auxiliar.
Tá comigo ou não? No Planalto, prolifera a versão de que o ministro, para se eximir da posição de subscritor de propostas polêmicas, municia a imprensa com informações que o distanciem de casos como o dos decretos que facilitaram porte e posse de armas.
O que é seu é meu O desconforto entre Bolsonaro e Moro é tema de conversas no Congresso e no Supremo. Em ambos os Poderes, os relatos indicam que o presidente não vê o auxiliar como alguém disposto a segurar rojões que não sejam do próprio interesse.
Mãos abanando Ao dizer que Moro precisava dar uma “segurada” na tramitação de seu pacote anticrime, Bolsonaro desagradou parte da bancada da bala. O coordenador da Frente Parlamentar de Segurança Pública, deputado Capitão Augusto (PL-SP), diz que faltou diálogo com o grupo para avisar que a causa deixaria de ser prioridade.
Querer é poder Para Augusto, é compreensível que o governo queira direcionar sua força para a reforma tributária, mas ele afirma que o pacote de Moro precisa apenas de maioria simples para ser aprovado e poderia ser tratado em paralelo.
A condição Lideres do centrão na Câmara avisaram o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator da reforma da Previdência, que só vão endossar um texto que preveja o embarque de estados e municípios nas novas regras de aposentadoria se ele condicionar a adoção das normas federais à aprovação dos legislativos locais.
Onde desliga? Em evento organizado pelo BTG, em SP, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que ainda tenta se recuperar do cansaço acumulado nas longas sessões de votação da reforma. Chegou a brincar que queria dormir no voo até a capital paulista, mas que a presença de Paulo Guedes (Economia) no avião tornou o descanso impossível.
Suor do meu rosto Guedes, por sua vez, literalmente correu pelas ruas de Brasília para chegar a tempo de acompanhar o fim da votação da Previdência, na quarta (7). Havia trânsito e o ministro decidiu descer parte da Esplanada a pé em passo acelerado, ao lado de três assessores.
Missão de paz Guedes tem feito um trabalho de formiguinha para suavizar ao máximo o impacto das mudanças que estuda fazer para tirar o Coaf do centro do embate político entre Moro, o Congresso e o Supremo. Tem falado com todos os envolvidos.
Música para os ouvidos Em audiência com Bolsonaro nesta quinta (8), o subprocurador Paulo Gonet, que tenta ficar com o comando da Procuradoria-Geral da República, disse ser contra a criminalização da homofobia pelo STF e que o tribunal invade atribuições que são do Legislativo ao decidir sobre o tema.
Loteria Alvo de ataques de dentro do MPF, Augusto Aras ainda é visto como o favorito para a vaga. Gonet obteve apoios importantes, e Lauro Cardoso foi elogiado pelo presidente. O nome de Raquel Dodge perdeu muita força.
TIROTEIO
O presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez, faz apologia a um torturador e à prática da tortura. É lamentável…
Da procuradora regional Eugênia Augusta Gonzaga, após o presidente chamar Carlos Alberto Brilhante Ustra de “herói”. Gonzaga era presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos até a semana passada, quando foi exonerada por Bolsonaro.