Novas mensagens selam indisposição do Supremo com Dallagnol e ampliam pressão sobre Ministério Público
Pá de cal A revelação do El País e do The Intercept de conversas de membros da Lava Jato sobre o ministro Gilmar Mendes, do STF, selou a indisposição do Supremo com Deltan Dallagnol. Se o Conselho Nacional do Ministério Público não o afastar, afirmam integrantes da corte até hoje isentos de citações, alguém fará isso pelo órgão. O apoio aos métodos do chefe da força-tarefa de Curitiba é minguante. A segunda parte do inquérito que apura o hackeamento chega ao Supremo nos próximos dias.
Boca na botija Nos novos diálogos, procuradores admitem, entre risos, buscar informações contra o ministro na Suíça. Eles dizem ter “ouvido falar” de uma suposta ligação entre Gilmar e Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, suspeito de ser operador do PSDB, e, a partir daí, traçam medidas que, ao cabo, visavam afastar o ministro do STF.
Sua conta e risco Ao contrário do que houve nas mensagens reveladas anteriormente, neste caso não há qualquer suspeita formalizada, uma indicação em delação e nem mesmo em uma negociação de colaboração. Os procuradores, Deltan entre eles, chegam a fazer piada com o fato de serem impedidos pela lei de investigar um integrante do STF.
Espontânea vontade Para membros do Judiciário, esse contexto agrava sobremaneira a situação política de Deltan Dallagnol. Fica claro, analisam, que ele e os colegas sabiam que o que faziam era uma ilegalidade, que tinham ciência de que estavam extrapolando seus limites.
Aos quilos O volume do material que compõe o inquérito que apura o hackeamento de autoridades é tão grande que a parte que já chegou no STF nem sequer foi autuada. O destinatário é o ministro Alexandre de Moraes.
Tem método Pessoas próximas a Moraes, ministro que relata inquérito que apura ataques e fake news contra o Supremo, dizem que, se após análise ele entender que há algo voltado especificamente contra o tribunal, pode desentranhar trechos específicos e remetê-los à guarda da corte na investigação que já conduz.
Aqui não Integrantes da Procuradoria-Geral da República voltaram a descartar as chances de Raquel Dodge agir de ofício contra Dallagnol, ainda que publicamente cobrada a fazê-lo. O Conselho Nacional do Ministério Público debate o caso do procurador de Curitiba na semana que vem.
Acertou o que não viu O presidente Jair Bolsonaro declaradamente mirou na “grande mídia” ao assinar medida provisória que desobriga a publicação de balanços nos jornais, mas acabou atingindo uma parte significativa da elite da classe política, a ala que é dona de veículos de porte regional.
Efeito colateral A norma baixada por Bolsonaro fere de morte jornais de famílias tradicionais na política, disse um dirigente de partido de centro que é dono de empresas de comunicação em seu estado. Ele e outros já começaram a acionar líderes, deputados e senadores para derrubar a MP.
Termômetro O governador Ronaldo Caiado (DEM-GO) passou na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta terça (6), e sondou deputados sobre a disposição de a Câmara de aprovar uma proposta do Senado que inclua estados e municípios na reforma da Previdência.
Termômetro 2 Ao menos três líderes de partidos do chamado centrão disseram a Caiado que o clima hoje é mais favorável a esse projeto.
Explique-se A Rede vai apresentar ao STF uma ação direta de inconstitucionalidade contra o governo, sob alegação de omissão na divulgação de dados do desmatamento.
Visitas à Folha Michel Temer, ex-presidente, visitou a Folha nesta terça-feira (6), onde foi recebido em almoço.
Raul Cutait, professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da USP, membro da Academia Nacional de Medicina e presidente do Conselho Superior de Responsabilidade Social da Fiesp, visitou a Folha nesta terça.
O presidente da Unimed Brasil, Orestes Barrozo Medeiros Pullin, visitou a Folha nesta terça. Estava acompanhado de Aline Cebalos, gerente de Comunicação e Marketing da Unimed Brasil, e Bruno Nogueira, da DNA Comunicação.
TIROTEIO
Ele naturaliza e estimula a brutalidade. Polícia que mata gera desconfiança. E essa conta cairá no colo do presidente
De Juana Kweitel, da Conectas Direitos Humanos, após Bolsonaro dizer que excludente de ilicitude fará bandido morrer “igual barata”