TCU manda receita informar acessos a dados fiscais de integrantes dos Três Poderes e seus cônjuges

Cerco fechado A ofensiva de ala do STF contra o acesso sem autorização da Justiça ao sigilo fiscal de autoridades –inclusive de membros da corte– ganhou apoio no TCU. Nesta sexta (2), provocado pelo Ministério Público de Contas, o ministro Bruno Dantas ordenou à Receita que entregue, em até 15 dias, os números de processos e fiscalizações que, nos últimos cinco anos, envolveram integrantes e ex-integrantes das cúpulas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, além de seus cônjuges e dependentes.

Tamanho do estrago A decisão foi uma resposta a representação do subprocurador-geral de Contas, Lucas Rocha Furtado. No despacho, Dantas especifica que quer o número de autos que envolvam devassas impingidas a: presidentes da República, ministros, deputados e senadores, integrantes de tribunais superiores e de tribunais regionais federais.

Por dentro e por fora O TCU requisitou também a remessa, nos mesmos 15 dias, de nome e matrícula dos servidores da Receita “formalmente designados para atuar nos processos de fiscalização” que estão na mira da corte e do STF, e ainda de todos os funcionários que, “independentemente de vínculo formal”, acessaram dados de autoridades.

Deu Subprocuradores da República avaliam que, com a série de reveses impostos à Lava Jato e a Deltan Dallagnol na quinta (1º), uma ala do Supremo emitiu um sinal claro aos órgãos de controle do Ministério Público Federal de que, para ela, a situação do coordenador da força-tarefa de Curitiba se tornou insustentável.

Deixa esfriar Integrantes da cúpula da PGR dizem que, se pudessem dar um conselho a Deltan, seria o de se afastar voluntariamente por um tempo, saindo inclusive do país, para retornar depois.

Sem volta Esses membros do MPF acreditam que não há mais chance de o procurador escapar de punição no Conselho Nacional do Ministério Público –que já fala em afastá-lo cautelarmente das funções.

Não vai rolar Procuradores próximos do grupo de Dallagnol dizem que um afastamento voluntário soaria como confissão de culpa ou admissão de que as mensagens obtidas pelo The Intercept são verdadeiras –gesto que estaria fora do radar da força-tarefa.

Vá você Mas esse grupo crê na chance de Deltan, neste momento, ceder o protagonismo da operação a outros colegas.

Não curti Nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro para a Comissão de Mortos e Desaparecidos, o coronel reformado Weslei Maretti já foi alvo do ideólogo Olavo de Carvalho. Em 2015, Maretti escreveu, em um site dedicado a exaltar o golpe de 1964, que era fácil para Olavo incitar uma “revolução militar” morando nos EUA.

Não curti 2 Em resposta, recebeu ofensas públicas do escritor. “Bem se vê que o coronel é diplomado em ciência política por universidade brasileira”, disse o guru bolsonarista. “Um imbecil diplomado é um perigo para a sociedade. Diplomado e fardado, perigo duplo.”

Quem… Convidado para eventos, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), tem enviado Filipe Sabará, membro da gestão estadual, em seu lugar. Foi o que aconteceu em congresso de uma igreja evangélica para milhares de pessoas em Barueri (SP).

…de nós dois? Assim, Sabará, que deve ser o candidato do Novo à Prefeitura de São Paulo em 2020, tem ganhado notoriedade. A presença ostensiva dele em eventos acendeu um sinal de alerta entre aliados do prefeito Bruno Covas (PSDB-SP).

Três é demais O tucanato paulistano já demonstrava incômodo com a proximidade do governador com Joice Hasselmann, pré-candidata do PSL à prefeitura. Teme que a amizade deles dilua o suporte de Doria à campanha de Covas.

Mão invisível Integrantes de organizações não governamentais de Meio Ambiente veem na figura de Evaristo de Miranda, pesquisador da Embrapa, uma influência decisiva para a demissão do diretor do Inpe, Ricardo Galvão.

Tá no preço Ministros de Jair Bolsonaro dizem estar preparados para a péssima repercussão internacional da decisão de exonerar Galvão.


TIROTEIO

No governo que se pauta pela mentira, falar a verdade é encarado como crime, normalmente punido com demissão sumária

De Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace, sobre Bolsonaro ter demitido diretor do Inpe após dados de desmate