Forte, reação do STF desagrega apoio a Deltan e a métodos da Lava Jato na PGR e no Judiciário

A montanha se move Não foram poucos nem discretos os sinais enviados pelo STF, nesta quinta (1º), indicando que a crise aberta pelo vazamento de mensagens da Lava Jato subiu de patamar. O impacto dos reveses impostos pela corte à Receita e aos que pretendiam restringir as apurações do hackeamento à Justiça Federal foi sentido de imediato. A resposta do Supremo desagregou o apoio a Deltan Dallagnol na PGR, e, no Judiciário, aos métodos da operação. O clima para os procuradores nunca foi tão pesado.

Em chamas “Canalhas!”, exclamou um ministro em mensagens a pessoas próximas após reportagem publicada pela Folha e pelo The Intercept mostrar que o chefe da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, estimulou um cerco ao presidente do Supremo, Dias Toffoli, em 2016.

Pessoal A mulher de Toffoli teve o sigilo quebrado pela Receita. Os dados vazaram. O mesmo ocorreu com o casal Gilmar Mendes e Guiomar.

Prepara O chefe do Fisco, Marcos Cintra, foi avisado de que, se não entregar de maneira pormenorizada a lista de servidores que acessaram os sigilos de agentes públicos e a justificativa legal para a devassa, o órgão —e não só os auditores— vai entrar na mira do STF e de outros tribunais.

Que fase Na semana que vem o plenário do TCU vai julgar o mérito do bônus de eficiência da Receita. O processo foi pautado pelo ministro Bruno Dantas e pode levar a uma perda de cerca de R$ 3 mil nos salários de auditores.

Não tá comigo! A reportagem que revelou mensagens de Deltan sobre Toffoli fez com que integrantes da PGR se distanciassem do procurador e lembrassem que não foram poucos os embates de Brasília com a força-tarefa do Curitiba motivados pela desenvoltura com que ela extrapolava suas atribuições.

Subiu Aliados da procuradora-geral, Raquel Dodge, apostam que ela só agirá contra Deltan se for provocada pelo Supremo. A cúpula da PGR, que já havia sido informada de que apuração contra investigador de Curitiba seria retomada no Conselho Nacional do Ministério Público, agora prevê punição a ele.

Orelha quente O nome do presidente do Coaf, Roberto Leonel, foi muito citado em Brasília. Auditor da Receita, ele atuou na Lava Jato de Curitiba e, depois, foi promovido por Sergio Moro (Justiça).

O ovo… Integrantes do Ministério Público Federal que acompanham a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos do governo federal dizem que a descaracterização do colegiado começou em abril, com a indicação do procurador Ailton Benedito.

…da serpente Benedito coleciona postagens polêmicas e equivocadas em suas redes. Ele vinculou o nazismo a socialistas —ou seja, à esquerda—, tese rechaçada por todos os historiadores de credibilidade e pelo Museu do Holocausto.

Indigesto Em agosto de 2017, após tratar do assunto, Benedito escreveu: “Fato: a praga SOCIALISTA alastra-se pelo Brasil. Mais algumas gerações, e o homo sapiens tupiniquim saboreará cadáveres no desjejum [sic]”.

Gregos e troianos O anúncio do Médicos Pelo Brasil, o fruto da reformulação do Mais Médicos, recebeu elogios até de críticos do governo Bolsonaro. “É muito bom sabermos que a preocupação com as populações dessas regiões remotas foi retomada, e os postos de trabalho até ampliados”, diz Lígia Bahia, da UFRJ.

Gregos e Troianos 2 “Outro aspecto positivo é o de que critérios de alocação de profissionais estão mais adequados”, aponta. Bahia, porém, afirma que há dúvidas sobre de onde virão os recursos para o programa e que a nova versão repete pontos frágeis da anterior ao exigir “dois anos de especialização e não residência”.

Senhor do tempo Depois de indicar a colegas que discutiria no STJ, nesta quinta (1), a indicação de um relator provisório para os casos de Lula, o presidente do tribunal, João Otavio de Noronha, decidiu esperar ao menos 30 dias de afastamento médico do titular do posto, Felix Fischer.

Tato A aliados, Noronha disse que seria uma “deselegância” tratar do assunto neste momento. Fischer sofreu uma embolia pulmonar.


TIROTEIO

Lamentável. Não foram tirados em função de falhas cometidas, mas sim devido à seriedade do trabalho que fizeram

Do ex-procurador-geral Cláudio Fonteles, sobre Bolsonaro ter trocado membros da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos