Palestra de Deltan a citado em delação constrange Procuradoria; CNMP estuda nova ação contra ele
Ladeira abaixo A revelação pela Folha e pelo The Intercept de que Deltan Dallagnol deu palestras a empresas citadas na Lava Jato ampliou o desconforto com o chefe da força-tarefa. Nomes da elite do MPF descreveram os relatos como “constrangedores”, por explicitarem “ganância e busca de notoriedade”. O fato de Deltan ter recebido para falar à Neoway deve ser alvo de nova ação no CNMP. Não é boa notícia para ele. A PGR foi informada de que já há maioria para abrir um procedimento contra o procurador.
Fila As primeiras mensagens divulgadas pelo The Intercept motivaram um pedido de apuração contra Dallagnol, que acabou arquivado pelo corregedor do Conselho Nacional do Ministério Público. Como mostrou o Painel em junho, membros do CNMP decidiram recorrer ao plenário. É neste caso que, conforme chegou à PGR, formou-se maioria para reabrir a investigação.
Assino embaixo Caberá ao advogado Erick Venâncio, membro do CNMP, apresentar o recurso que deve levar ao desarquivamento da representação contra Deltan Dallagnol pelo plenário do órgão. O caso será analisado após o recesso, em 13 de agosto.
Cada um na sua A revelação de que o procurador recebeu para falar a empresas citadas na Lava Jato pode ser objeto de uma segunda representação.
Franciscano Além da criação de uma CPI para apurar como eram organizadas e pagas as palestras de procuradores da Lava Jato, congressistas estudam regulamentar um teto para esses ganhos. A ideia é parear o pagamento de eventos com horas-aula de um professor universitário de elite.
Franciscano 2 Registre-se que o valor de horas-aula é muitíssimo menor do que os cerca de R$ 33 mil que Dallagnol embolsou, por exemplo, para falar à Neoway.
Além-mar Manuela d’Ávila estava fora do país quando, nesta sexta (26), foi divulgado pela TV Globo que seu nome havia sido citado em depoimento pelo hacker como o da pessoa que forneceu o telefone do jornalista Glenn Greenwald, do Intercept.
Meu limite Segundo pessoas próximas, as mensagens armazenadas no telefone de Manuela deixam claro que ela não repassou qualquer material enviado pelo hacker e apenas teria dado o contato do jornalista. Se tivesse compartilhado, poderia ser apontada como cúmplice.
Simbiose Auxiliares de Jair Bolsonaro anseiam uma reaproximação entre Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Paulo Guedes (Economia). Os dois eram amigos, mas acabaram se desentendendo. Os entusiastas da bandeira branca dizem que a força de Maia para além de Brasília cresce com as pautas nas quais o presidente da Câmara se alinha ao ministro.
Melhor com ele Do lado de Guedes, os primeiros sinais de tentativa de conciliação começaram a ser emitidos. O ministro vem indicando nos bastidores que não disputará protagonismo com o Parlamento pela reforma tributária. A orientação é compor, não confrontar.
Vendo solução A única interrogação, porém, é se Maia conseguirá fazer avançar a reforma com os impostos estaduais. O ceticismo é alto. Quebrados, os estados serão ainda mais refratários a discutir revisão de receitas, aposta-se. Como saída, a ideia é sugerir mudanças ao texto que já tramita na comissão especial.
Despachante Apesar da reforma tributária ainda ser um tema com muitos pontos de interrogação, a equipe econômica acredita que o tema é mais palatável à agenda política de Bolsonaro, diferentemente da previdenciária. Durante a eleição, o presidente falou em “tirar o Estado do cangote do cidadão”.
Ruptura Pessoas próximas ao herdeiro da OAS, Cesar Mata Pires, comentaram, após seu enterro em São Paulo, que “o que matou ele foi a pressão”. Mata Pires chegou a ser preso pela Lava Jato, acabou liberado mas seguiu respondendo a acusações. Ele teve um infarto durante depoimento em Curitiba e, semanas depois, morreu.
Ruptura 2 Amigos dizem que Mata Pires estava angustiado não só com as apurações, mas também com as negociações para tentar salvar as finanças da empreiteira. Seu filho mais novo é um bebê de 40 dias.
TIROTEIO
Moro está encurralado. E homens encurralados e afoitos sempre fazem besteira. Ele está fazendo uma atrás da outra
Do deputado Marcelo Ramos (PL-AM), sobre o ministro da Justiça ter avisado alvos do suposto hacker e falado em destruir conversas