Novas mensagens elevam pressão sobre Moro; juristas veem ‘falta grave’
Divisor de águas Políticos, juristas e ministros do Supremo avaliam que a nova publicação de diálogos entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato elevou a pressão sobre o agora ministro da Justiça. Dois integrantes do STF disseram que, nas conversas publicadas pela revista Veja em parceria com o The Intercept, há, pela primeira vez, indicação cristalina de, no mínimo, falta administrativa grave. Até operadores do direito que estavam ao lado de Moro ou em posição de observação deram passo atrás.
Onde pega Os trechos com maior repercussão no universo jurídico são os que indicam que Moro, então juiz, solicitou a inclusão de documentos em peças de acusação e também orientou investigadores a retardarem o cadastramento de papéis que imputavam pessoas com foro privilegiado, manipulando o timing de remessa de informações ao STF.
Passou da conta O jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, subiu o tom de suas avaliações sobre o caso. Ele, que antes dizia que era preciso aguardar os desdobramentos, agora afirma que “se vê efetivamente um pendor do juiz na orientação da acusação”.
Passou da conta 2 Para Reale, as conversas registradas pela revista e pelo site apontam “um interesse do juiz em favor da acusação, tanto faz contra Lula, Cunha ou Cabral”. “O que espanta é essa proximidade. Conspirando contra a defesa. Presumia-se que a 13ª Vara fosse um juízo rigoroso, mas não comprometido.”
Manda quem pode Integrantes da elite acadêmica do direito sinalizam entendimento na mesma direção. Entre os políticos, é consenso que os diálogos publicados nesta sexta-feira (5) adicionam novo componente à crise. A solução, eles afirmam, só virá do Supremo. Moro rechaça qualquer ilegalidade.
Aguarde e confie É crescente, portanto, a expectativa sobre a reação da corte. A avaliação, hoje, é a de que o presidente do STF, Dias Toffoli, mantém distanciamento do caso. O que dirigentes partidários indagam é se permanecerá nessa atitude até agosto, na volta do recesso, com a possibilidade de mais revelações.
Sigamos Mas Moro mantém apoios valiosos no STF. Há na corte quem ainda defenda o ex-juiz –embora veja com preocupação sinais de ofensiva sobre jornalistas, como a investigação de Glenn Greenwald.
Com as próprias mãos Do jeito como o texto da reforma da Previdência foi aprovado na comissão especial, será difícil para o governo suavizar as regras para as polícias federais, apostam líderes da centro-direita. Para isso, o Planalto teria que se expor, apresentando emenda ao texto que a própria equipe econômica endossou.
Negócios à parte Para esses líderes, uma ação dessas seria uma “desmoralização” do ministro Paulo Guedes (Economia). Caso enverede por este caminho, o PSL espera contar com uma aliança inusitada: os votos da oposição que tanto critica, como PT, PC do B e PSOL.
Débito ou crédito O pedido de liberação expressa de verbas para bancar emendas de parlamentares, como prometido pelo governo para destravar a votação da Previdência, vem enfrentando limitações técnicas. Apenas o dinheiro da saúde, com origem em fundos que direcionam recursos para gastos específicos, tem desembolso acelerado.
Débito ou crédito 2 Muitas obras, como creches, demandam projeto, licitação e previsão orçamentária, ou seja, empenho. Processo que dura, no mínimo, um mês.
Para o espaço O governo Bolsonaro sofreu uma derrota, na última semana, na Comissão de Relações Exteriores. Num acordo que uniu a oposição e o centro, a votação do relatório que autoriza o uso da base espacial de Alcântara (MA) pelos EUA, acordada pelo presidente com os americanos, foi adiada para agosto. Os parlamentares querem ouvir especialistas antes de votar.
Sacola vazia A troca de guarda do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) reacendeu especulações sobre o esvaziamento de Onyx Lorenzoni (Casa Civil). O fato de a indicação de Martha Seillier, nome que vai assumir a área, ter sido associada a outros ministros suscitou comentários de que, talvez, Onyx não consiga mandar nem no PPI.
TIROTEIO
Em vez de defender o trabalho infantil, Bolsonaro deveria se preocupar com os empregos dos milhões de pais dessas crianças
De João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, após o presidente endossar que crianças trabalhem