Por votação em julho, Maia diz a aliados que aprovação da reforma acaba com as ‘desculpas’ do governo

Que o rei fique nu Em reunião no Credit Suisse, nesta quinta (27), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi taxativo: “Vou colocar a reforma em votação até 18 de julho. Se os partidos vão estar prontos, é outra coisa.” Dessa forma, ele afastou a ideia de arrastar a tramitação da proposta. Aliados explicam a decisão: dizem que o projeto é hoje um biombo para o governo, que atrela sua decolagem à aprovação do texto. Segundo relatos, para Maia, “quando passar, acabou a desculpa: ‘Agora é contigo, amigo’”.

Na alegria e na tristeza Pessoas próximas a Maia avaliam que ele chamou tanto para si a responsabilidade da aprovação da reforma da Previdência que, neste momento, seria muito difícil se distanciar de um eventual fracasso do cronograma ou mesmo da derrota da proposta na Câmara.

Não tão rápido Há, porém, articulação para não entregar o doce ao governo tão facilmente. Enquanto a Casa Civil fala na aprovação do texto no Senado ainda em agosto, na volta do recesso, nos corredores do Congresso parlamentares apostam que a reforma vai ficar na Casa, no mínimo, de 30 a 60 dias.

Canto da sereia Instituições de peso no mercado financeiro têm dito aos membros da comissão especial da reforma da Previdência que, se o texto for mesmo aprovado no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar, o Banco Central corta a taxa de juros em seguida, no fim do mês.

Incontroláveis Os integrantes da equipe econômica dizem que, neste momento, o principal entrave à votação na Câmara vem da bancada do PSL, que quer apresentar um destaque para obter condições mais vantajosas à aposentadoria de policiais e forças de segurança.

Incontroláveis 2 Apesar dos apelos, a tendência é a de que o partido do presidente leve mesmo a questão a discussão. Como não há unanimidade na bancada, o PSL vai liberar seus quadros a votarem o destaque como acharem melhor.

Recibo Aliados de Jair Bolsonaro têm estranhado a verborragia de Paulo Guedes. Dizem que ele tem passado um atestado de “falta de tato político”.

Imagem e semelhança Já integrantes de partidos de centro e centro direita fazem avaliação diferente. Dizem que, com a queda de vozes moderadas no governo, quem ficou agora faz questão de espelhar o estilo do chefe.

Vai tarde? A prisão de assessores do ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) na esteira do escândalo de candidaturas laranjas no PSL, revelado pela Folha, corroeu o apoio político que o titular da pasta ainda tinha entre aliados do presidente. Sua demissão é dada como certa.

Por que não eu? Integrantes da comitiva de Bolsonaro, que está no Japão participando do G20, imaginaram que ele falaria da situação de seu auxiliar na live que fez nesta quinta (27). Mas não. O presidente citou oito de seus ministros, mas não disse uma palavra sobre o do Turismo.

Tá bom ou quer mais? Segundo auxiliares, quando o escândalo estourou, Bolsonaro disse que se houvesse prova de ligação com irregularidades, Antônio não ficaria “nem um dia a mais” em sua equipe. Três assessores dele foram presos.

Renascer Os ministérios entregaram à Secretaria-Geral da Presidência 129 pedidos de refundação de conselhos que haviam sido criados antes de 2019 e que foram extintos por decreto pelo presidente.

Renascer 2 A expectativa é a de que 32 sejam recriados já nesta sexta (28) —e a Camex, que dita a política exterior, deve estar nesta leva.

Visitas à Folha O diretor-presidente da Odebrecht S.A., Luciano Guidolin, visitou a Folha nesta quinta (27). Estava acompanhado de Marcelo Pontes, diretor de comunicação da Odebrecht S.A., Shirley Emerick, gerente de comunicação da empreiteira, e Juliano Nobrega, diretor de operações da CDN Comunicação.

O superintendente do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), Claudio Roberto Gomes Conceição, visitou a Folha nesta quinta (27). Estava acompanhado de Armando Castelar Pinheiro, coordenador-geral de pesquisa econômica e aplicada do instituto, e Silvia Matos, coordenadora.


TIROTEIO

Um governo que combate a corrupção não pode manter o ministro do laranjal. Deveria mandá-lo turistar fora da Esplanada

Do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), após a PF ter cumprido ordem de prisão de três assessores de Marcelo Álvaro Antônio (Turismo)