Advogados dizem que nunca tiveram telefone ou abertura para pedir audiências a Moro
Aos inimigos, a lei Oito advogados que atuaram em dezenas de casos relevantes para a força-tarefa da Lava Jato de Curitiba relatam um modelo de relação com o ex-juiz Sergio Moro muito diferente do que aparece nas mensagens entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, segundo o The Intercept. Nenhum desses defensores jamais teve o telefone do então magistrado —por óbvio, tampouco trocou mensagens com ele. Despachos só previamente agendados por escrito com a Secretaria da 13ª Vara
Silêncio é ouro O Painel consultou advogados de renome, ligados a réus ou delatores, com significativa atuação na 13ª Vara. A coluna fez a eles as mesmas perguntas, sob garantia de anonimato —há casos ainda pendentes.
Nem tanto ao mar Um dos ouvidos fez defesa da atuação de Moro. Disse que manteve por anos relação impessoal com o ex-juiz e que considerava o trabalho dele sério. No fim, emendou: “Agora, que houve erro na condução da Lava Jato, houve”.
Operação de rotina Moro disse em recente entrevista ao Estado de S. Paulo que “esses aplicativos de mensagens, eles apenas aceleram a comunicação”. “Isso de o juiz receber procuradores, delegados (…), de juiz receber advogados, acontece o tempo todo”.
A régua é sua Os relatos de quem defendeu réus ou negociou delações com o MPF é diferente. Para um dos ouvidos, pela métrica imposta pelo ex-juiz na condução de seus processos, se um advogado fosse flagrado conversando com magistrado por mensagem “os dois seriam presos por obstrução de Justiça”.
Negócios à parte Crítico de aspectos da Lava Jato há tempos, o criminalista Alberto Zacharias Toron abriu mão do anonimato e falou abertamente sobre o assunto. Ele diz que as audiências com Moro ocorriam no ambiente “mais formal possível”.
Oi e Tchau “Ele nunca se mostrou acessível. Não era sujeito de sorrisos. As respostas eram secas e evasivas.” Toron despachou uma vez como Moro, “por insistência do cliente, já que eu achava que seria inútil”.
Regra do jogo A assessoria do ministro da Justiça tem dito que ele não comenta o teor das mensagens pois não reconhece a autenticidade. Ao Estado de S. Paulo, Moro defendeu a legalidade de todas as suas ações. À Folha, admitiu descuido em uma ocasião.
Sniper Ex-secretário de política econômica, o presidente do Insper, Marcos Lisboa, endossa críticas feitas por Paulo Guedes (Economia) ao relatório da reforma da Previdência, apresentado na quinta (13) por Samuel Moreira (PSDB-SP).
Sniper 2 Para ele, o texto peca ao aliviar a transição para servidores e ao excluir os estados. Teria havido ainda o que Lisboa chama de “oportunismo” no aumento do tributo cobrado dos bancos. Aos olhos de investidores, avalia, ficaria a impressão de que as regras mudam de acordo com a conveniência política.
Bonde da história Tal como está no relatório, alerta Lisboa, a reforma atrasaria a entrada da agenda para retomar o crescimento econômico, pois a incerteza fiscal não sairia do horizonte de longo prazo. Mas dado o nível de hostilidade do governo com Congresso, ele pondera, o que saiu já é “um milagre”.
Retardatário Parlamentares que acompanharam as negociações em torno do relatório da reforma da Previdência tiveram a mesma percepção: a equipe política do governo, liderada por Onyx Lorenzoni (Casa Civil), não deu as caras. O time de Guedes —Rogério Marinho à frente— jogou só.
Cisca para dentro Recorte de pesquisa feita pela XP Investimentos mostra os eleitores de Jair Bolsonaro apoiam em peso a reforma. Entre os que disseram ter ajudado a eleger o presidente, 78% são totalmente ou parcialmente favoráveis ao projeto. Já entre os que votaram em Fernando Haddad (PT), o apoio é de 29%.
Vai dar ressaca A ministra Tereza Cristina (Agricultura)telefonou ao seu correspondente no governo chileno para avisar que, por ora, não restringirá as importações de vinhos que estão chegando ao Brasil com 7% de água. Por aqui, o percentual não pode passar de 2%. Os produtores domésticos se queixam de competição desleal.
TIROTEIO
Há uma série de ataques ao movimento sindical. Um desrespeito a ato legítimo e constitucional que os trabalhadores fizeram
De Ricardo Patah, presidente da UGT, sobre a campanha ‘Demita um grevista e contrate um desempregado’, projetada nas redes na sexta