Ataque de Guedes queima pontes com Congresso e compromete planos pós-Previdência

A prazo e com juros As críticas de Paulo Guedes (Economia) ao texto da reforma da Previdência produzido pela Câmara tendem a custar caro ao ministro. Líderes de partidos trocaram telefonemas logo após o ataque. Ninguém vai derrubar a proposta, mas todos avisam que o governo pode se preparar para, encerrada esta missão, perder por completo qualquer ingerência sobre o Congresso. Para parlamentares, esta foi a prova de que nem na pasta há um mínimo de noção do que é independência entre Poderes.

Que rei sou eu? A avaliação na Câmara foi a de que Guedes, mesmo blindado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), se alinhou à ala do governo que aposta no emparedamento do Congresso, por meio de pressão popular, para submeter deputados e senadores às suas vontades.

Bateu, levou Nesta sexta (14), diante do relatório que gera economia de R$ 860 bilhões, Guedes disse que os deputados não tinham “compromisso com o futuro”. Na sequência, foi chamado por congressistas e operadores do mercado de “menino mimado” e “olavete sofisticado”, em referência ao grupo radical liderado por Olavo de Carvalho.

Tem troco Maia avisou ao ministro que teria de rebater a fala, por respeito aos pares. Ele lembrou que a Câmara não só colaborou com a reforma, mas também aprovou medida provisória de combate a fraudes no INSS que, segundo o governo, pode representar uma economia de até R$ 20 bilhões por ano.

SOS Apesar da dura resposta pública, o democrata atuou nos bastidores para baixar a temperatura. Pediu calma a líderes e, aos mais chegados, distribuiu um meme com o desenho de um bombeiro apagando incêndio.

Boas intenções O time de Guedes tentou justificar a fala do ministro dizendo que a expectativa era de uma economia maior –R$ 950 bilhões sem aumento de tributos.

Vendido “As pessoas vão pagar pela Nova Previdência e levarão só a velha”, disse um auxiliar de Guedes. A queixa serviria ainda para tentar evitar uma desidratação maior na proposta.

Pedra fundamental A irritação do ministro foi atribuída por deputados à derrubada do sistema de capitalização. A equipe econômica diz que a iniciativa é fundamental para alavancar o emprego já que abre espaço para um regime de contratação mais flexível.

Firme… Recorte inédito de pesquisa da XP Investimentos mostra que as revelações de diálogos controversos entre Sergio Moro (Justiça) e o procurador Deltan Dallagnol não derrubaram o apoio da maioria dos eleitores de Jair Bolsonaro à Lava Jato.
…e forte Entre os entrevistados que declaram ter votado no presidente, 63% dizem que a Lava Jato não cometeu excessos; 13% afirmam que cometeu, mas o resultado valeu a pena –mesmo índice dos que reconhecem abuso e cobram a revisão de decisões. 12% não sabem ou não responderam.

Sinal invertido Já 52% dos eleitores de Fernando Haddad (PT) veem excessos e dizem que algumas decisões devem ser revistas, enquanto 14% acham que os fins justificam os meios e 26% validam toda a ação da força-tarefa.

Meio a meio Entre os entrevistados que disseram ter votado em braco ou nulo ou que não quiseram responder, a maior fatia (33%) reprova atos da Lava Jato, mas a distância entre esses e os que não veem problemas na operação (28%) é bem pequena.

Pote até aqui de mágoa O encontro entre o governador João Doria (SP) e o coronel de quem chamou a atenção em evento na quinta (13) não conseguiu aplacar todo o mal-estar gerado pelo episódio. A bancada da bala, que já votou contra o tucano, diz que o desconforto cresceu.

Pote até aqui de mágoa 2 Durante discurso, Doria deu uma bronca pública no coronel ao ver que ele manuseava o telefone. Daí a polêmica.

Visita à Folha O ex-governador da Paraíba e presidente da Fundação João Mangabeira, Ricardo Coutinho (PSB), visitou a Folha nesta sexta-feira (14) onde foi recebido para um café. Estava acompanhado da esposa, Amanda Araújo, e dos assessores de imprensa, Cláudio Camargo e Júlio Moreira.


TIROTEIO

Criou-se um estardalhaço que não se concretizou. A população está vacinada contra ‘greve pela greve’. Tremendo fracasso

Do senador Major Olímpio (PSL-SP), sobre a mobilização de sindicatos e da oposição em torno da greve geral, nesta sexta (14)