Para aliados, mesmo subordinado, general Santos Cruz ainda via Bolsonaro como ‘capitão’

Pronome de tratamento A demissão de Santos Cruz revela mais do que um suposto novo ato na disputa entre militares e olavistas, incluídos aí os filhos do presidente. Jair Bolsonaro demonstrou nos últimos meses profundo incômodo com o que considerou sinais de insubordinação e displicência com sua estratégia política. Nenhum aliado recorreu a episódios eloquentes para exemplificar a raiz da insatisfação. A cena citada foi: Augusto Heleno (GSI) chama Bolsonaro de “senhor”; Santos Cruz o acionava pelo nome.

Patente alta Pessoas próximas ao presidente viam a falta de cerimônia de Santos Cruz como uma evidência de que ele, general e contemporâneo de Bolsonaro no Exército, ainda enxergava o mandatário como capitão.

Ceia indigesta Aliados do presidente também dizem que Santos Cruz teve dificuldade de trocar a farda pelo traje de político. Lembram que o Lide, grupo fundado pelo governador de SP, João Doria (PSDB), disparou nesta semana convite para almoço com a presença do general.

Ceia indigesta 2 Bolsonaro, que já havia colocado a lealdade de Santos Cruz em xeque no auge do embate entre militares e olavistas, teria torcido o nariz. Aliados do presidente dizem que o agora ex-ministro deveria ter ponderado se era o caso de prestigiar entidade vinculada a Doria –potencial concorrente em 2022.

Inferno são os outros Há 15 dias, quando decidiram mexer na equipe da Casa Civil, a queda de Santos Cruz foi ventilada. A debilidade da articulação política caiu na conta dele.

Só no sapatinho O general Luiz Eduardo Ramos, que assume o posto de Santos Cruz, é descrito como “mais político do que Onyx Lorenzoni”, o chefe da Casa Civil. Seu perfil conciliador é elogiado até por integrantes de siglas de esquerda que o conheceram no Comando do Militar do Sudeste.

Cada um na sua A chegada de Ramos ampliou a expectativa por uma reorganização das tarefas atribuídas à Casa Civil e à Secretaria de Governo. Hoje, as duas funcionam num sistema quase híbrido.

E eu? O aceno de cargos a partidos começou a criar desgastes. O DEM soube que o presidente havia decidido dar a chefia da Codevasf a um general e estrilou. Líderes da legenda contavam que indicariam o nome. A pressão é para manter a nomeação política para o comando do órgão.

Daqui viemos A defesa incisiva que Bolsonaro fez de Sergio Moro (Justiça), nesta quinta (13), foi vista por parlamentares como resposta do presidente a seu próprio eleitorado, que torcia pela guarida a uma das estrelas do governo.

Para cá retornaremos A avaliação é de que boa parte dos que votaram no presidente não vê justificativa para condenar eventual avanço de sinal na atuação do ex-juiz se em nome da “depuração da política”.

Operação resgate Líderes de diferentes partidos começaram a articular emenda que devolva os estados à reforma da Previdência. Ela deverá prever a aprovação de lei ordinária pelos governadores que desejarem replicar as regras para os servidores locais.

Meu pessoal Aliado de Paulo Guedes na reforma, o Novo vai romper trato que havia firmado com o governo e deve apresentar, ainda na comissão especial, sugestão de mudança ao texto. A sigla quer tentar derrubar o aumento da tributação dos bancos, que pegou os deputados de surpresa. “É taxar indiretamente a população”, diz Vinicius Poit (SP).

Perdas e ganhos As centrais sindicais avaliam na terça (18) o impacto da greve contra a reforma deflagrada nesta sexta. UGT e Força esperam que a mobilização abra canal de negociação com o governo. A CUT quer derrubar o projeto.

Menos Membros do PSDB chamaram de desatino a defesa de Doria ao afastamento de Geraldo Alckmin da sigla.

Visita à Folha O presidente do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro, visitou a Folha nesta quinta (13), onde foi recebido em almoço a convite do jornal. Estava acompanhado de Mauricio de Albuquerque Wanderley, secretário-geral da presidência do TCU, Elaine Dantas, secretária de comunicação do TCU, e Hamilton Caputo Delfino Silva, secretário do TCU no estado de São Paulo.


TIROTEIO

Por que o PT e o PSOL não pedem para soltar o Eduardo Cunha também, condenado pelo mesmo juiz na Lava Jato?

Do deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), sobre as críticas da oposição a Moro, após a revelação de mensagens pelo The Intercept