Para atrair o centro, PT trata crise da Lava Jato como ataque que supera figura de Lula

Para além das fronteiras O PT vai aproveitar a fenda aberta no coração da Lava Jato pelas revelações do site The Intercept Brasil para tentar ampliar o movimento político de questionamento dos métodos da operação. A cúpula da sigla atuará em etapas. Nesta terça (11), age para unificar o discurso dos demais partidos de esquerda. Em seguida, quer atrair os de centro. Sem prejuízo ao mote “Lula Livre”, a ideia é discutir o caso sob o foco jurídico, como ataque ao Estado Democrático de Direito —e não só aos seus quadros.

Jogo de xadrez Houve forte movimentação nos bastidores para convencer a cúpula do PT de que não é hora de fazer da fissura na imagem da Lava Jato uma espécie de plebiscito sobre a condenação de Lula. O próprio ex-presidente mandou recados pedindo cautela e pensamento estratégico.

Tiro de canhão Líderes petistas deram ordem para que nenhuma iniciativa isolada fosse tomada no Judiciário ou em órgãos como o CNJ e o CNMP. Pedido semelhante foi feito aos juristas que colaboram com a sigla. A ideia é promover ações incisivas, de impacto, e não pulverizar as investidas.

Basta Membros do Supremo e do STJ passaram a noite deste domingo (9) e todo o dia desta segunda (10) discutindo as implicações do material do The Intercept. Na avaliação de ministros, para o universo jurídico, uma confirmação do que veio à tona seria “a pá de cal moral no veredito de Lula”.

Mau caminho Um integrante do STF diz que a lei é clara ao vedar orientação do magistrado às partes e que, pelas mensagens, Sergio Moro teria direcionado o trabalho dos procuradores em ao menos dois momentos —o mais explícito deles ao supostamente indicar uma fonte à acusação.

Duplo grau Os ministros do Supremo também especularam sobre eventual consequência das revelações na condenação de Lula. Uma ala argumenta que uma mudança é pouco provável porque as penas impostas por Moro foram referendadas pelo TRF-4.

Maçã podre Outro grupo, porém, avalia que, confirmado o teor das mensagens, será possível afirmar que Moro direcionou a ação da procuradoria desde a investigação, o que comprometeria o processo.

Todo mundo em pânico Advogados que negociaram delações com as forças-tarefas de Curitiba e do Rio relataram temor de terem suas conversas divulgadas.

Doeu  Informações do setor privado que chegam ao Ministério da Agricultura dão conta de que os frigoríficos brasileiros estão deixando de exportar para a China 35 contêineres de carne por dia —cerca de 840 toneladas— em razão do autoembargo por vaca louca.

Doeu 2 A ministra Tereza Cristina tenta esclarecer o caso e reabrir o mercado. O autoembargo é previsto em protocolo firmado pelos dois países, mas o Brasil jé demonstrou interesse em revê-lo. Nem EUA nem União Europeia adotam controle semelhante —considerado excessivo pelo governo, dado que o episódio foi diagnosticado como isolado.

Adocica Condição para o acordo que deve liberar o crédito extra de quase R$ 250 bilhões para o governo, a destinação de R$ 500 milhões para a transposição do São Francisco contemplaria região de Arthur Lira (PP-AL), aguerrido crítico do governo.

Meu jeito Conduzido à presidência do PSL de São Paulo sob protesto de uma ala da sigla, Eduardo Bolsonaro disse a aliados que deixaria a legenda caso fosse obrigado a fazer uma composição com seus adversários internos. O dirigente nacional da legenda, Luciano Bivar (PSL-PE), que trabalhava por um acordo, achou melhor não melindrá-lo.

Diga ao povo que fico O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP) sugeriu que Bivar, alvo de suspeitas do uso de laranjas na campanha de 2018, se afastasse da presidência do PSL. O pernambucano ouviu o conselho, mas declinou. A cúpula do partido diz que ele ainda tem apoio da maioria da bancada.

Visita à Folha Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da Península Participações, visitou a Folha nesta segunda-feira (10), onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Fernanda Viola, gerente de Comunicação da empresa, e Sérgio Malbergier, consultor de comunicação.


TIROTEIO

O caso se reveste de extrema gravidade uma vez que compromete princípio fundamental do Judiciário, a imparcialidade

Do ex-procurador-geral Claudio Fonteles, sobre as mensagens que revelam troca de informações entre Moro e Dallagnol na Lava Jato