Proposta que ordena prazos de MPs amplia poder de líderes sobre agenda do governo
Ergam-se os muros A proposta que determina prazos para a tramitação de medidas provisórias no Congresso amplia sobremaneira os poderes das cúpulas partidárias –inclusive da oposição. O projeto, já aprovado pela Câmara, diz que MPs devem ser votadas nas comissões especiais em até 40 dias ou caducam. Cabe aos líderes a indicação dos membros desses colegiados e a ordem para eventuais trocas em sua composição. A capacidade de articulação do governo, já em xeque, será posta em dupla prova.
Pedreira Se o projeto for aprovado, o Planalto vai precisar contar com a simpatia dos líderes partidários para garantir que a montagem das comissões não leve suas propostas a um ambiente inóspito.
Espero sentada Com as mudanças, o poder das legendas de esquerda, que têm assento regimental nesses colegiados, também cresceria. Unida e articulada a partidos de centro, a oposição poderia derrubar propostas do governo sem nem sequer levá-las a voto, apenas obstruindo sessões.
Nem tanto ao mar O saldo final do texto aprovado pela Câmara resultou em tamanho poder para as bancadas que parlamentares que não são exatamente simpáticos ao Planalto alertaram senadores, que agora vão analisar o texto, de que talvez seja melhor dar a ele nova calibragem.
Liberais x liberais Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do BNDES e egresso da Universidade de Chicago, assim como o ministro Paulo Guedes (Economia), preparou relatório para distribuir na comissão especial da Previdência com duras críticas à proposta do governo.
Liberais x liberais 2 Ele calculou que um trabalhador com carteira assinada que recebe um salário mínimo já paga ao INSS ao longo da vida mais do que recebe. Com as mudanças, diz, o valor da contribuição vai dobrar.
Para todos O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) trabalha para manter estados e municípios na reforma da Previdência. Ele vai coletar assinaturas de parlamentares que apoiam a medida e fazer um manifesto.
Mão dupla A Confederação Nacional dos Municípios elaborou campanha para redes e site pró-reforma, mas quer que o governo defina o aumento de 1% na parte que as cidades abocanham de impostos antes de levar a propaganda ao ar.
Antenado Em conversa com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), na quinta (6), o ex-presidente Lula martelou por diversas vezes que o discurso da esquerda deve ser fincado na defesa da “soberania nacional” e concluiu que é preciso “explicar para o povo o que é isso”.
Antenado 2 “Não é só falar de venda da Petrobras“, disse Lula. Segundo ele, é preciso passar a mensagem que soberania “é garantir nossa independência, ter educação, ciência e tecnologia”.
Só o essencial Os dois, segundo aliados, falaram pouco sobre o cenário eleitoral. Lula pediu unidade nas eleições municipais, em 2020, e Dino propôs um esforço para fechar composições de esquerda ao menos nas capitais.
Fila O gabinete do relator da Lava Jato no TRF-4, João Pedro Gebran Neto, tem pelo menos cinco processos para analisar antes do caso de Lula sobre o sítio de Atibaia (SP).
Ver para crer Reitores e deputados que participaram de reuniões com Abraham Weintraub (Educação) nos últimos 30 dias fazem relatos insólitos. Em uma ocasião, ao ouvir que as universidades precisavam de dinheiro para garantir a limpeza, ele sugeriu que os alunos do diretório central de cada instituição organizassem mutirões para faxina.
Pisa fundo Enquanto Bolsonaro pede votos para Mauricio Macri, a área técnica do governo parece cética quanto à reeleição do argentino. Nos bastidores, o Brasil apressa países vizinhos e a União Europeia a tentar colocar de pé uma rodada extraordinária de negociação, entre 24 e 28 deste mês, com o objetivo de finalizar o acordo entre os dois blocos.
Pisa fundo 2 As datas ainda não foram confirmadas pelos europeus. A avaliação em Brasília é a de que a janela favorável à abertura comercial será fechada se a oposição voltar ao poder na Argentina.
TIROTEIO
Muito mais importante do que tratar de moeda única é avançar nas questões reguladoras –e nem isso conseguimos fazer
Do deputado Marcos Pereira (PRB-SP), ex-ministro da Indústria e Comércio, sobre a ideia de unificar as moedas de Brasil e Argentina