Líderes avisam que vão barrar tentativa de ajudar estados e municípios com reforma

Quer pagar quanto? O relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), foi informado por líderes da Câmara de que, se insistir em contemplar o funcionalismo dos estados e municípios em seu texto, será derrotado e haverá votação do tema em separado. O governo recebeu recado semelhante. Um auxiliar de Paulo Guedes (Economia) ouviu que tentar estender as novas normas a governadores e prefeitos vai custar, de saída, 70 votos no plenário contra as mudanças nas regras de aposentadoria.

Clima Nem mesmo a possibilidade de estados e municípios aderirem à reforma aprovando lei ordinária nas assembleias ou câmaras municipais alivia governadores e prefeitos. Ano que vem haverá eleição nas cidades, o que dificulta a missão de pedir que vereadores adotem pauta impopular.

Cabo de guerra João Doria (PSDB-SP) lidera o movimento de governadores que tentam conter o ímpeto dos congressistas. Após acionar Paulo Guedes e o presidente Jair Bolsonaro, subiu o tom: “É uma visão mesquinha e irresponsável deixar os estados e municípios de fora da reforma”, disse ao Painel.

Sem meias palavras O presidente da comissão especial que analisa a reforma da Previdência na Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), chegou a receber um telefonema, há cerca de duas semanas, dizendo que ele era um “vagabundo” e que iria “se ferrar”. Foi logo após anunciar que a Casa produziria um substitutivo do texto enviado pelo governo.

Nem aí Nesta terça (4), Ramos criticou a falta de foco do presidente Jair Bolsonaro e voltou a receber ataques pesados nas redes sociais. “Eu relevo isso. Meu lombo é curtido”, diz. Ele nem sequer chegou a comunicar a direção da Câmara sobre o assunto.

O cara errado Além de conduzir os trabalhos na Câmara, Ramos tem percorrido o país falando em debates e seminários sobre a reforma. Ele é um dos principais defensores da pauta no Congresso e costuma dizer que trabalha mais pelo projeto do que alguns integrantes do Planalto.

Com fé eu vou Paulo Guedes (Economia) tem feito uma peregrinação a gabinetes dos ministros do Supremo para tratar da decisão de Edson Fachin que suspendeu a venda da TAG (Transportadoras Associadas de Gás) dois dias antes do negócio ser concluído. Há temor de que a incerteza jurídica afugente interessados no programa de privatizações.

Sem noção Integrantes do Ministério Público do Trabalho ficaram chocados com o teor do projeto de Bolsonaro que altera regras de trânsito. Paulo Douglas, coautor da ação que deu origem à Lei do Descanso dos Caminhoneiros, diz que o texto é um retrocesso imenso e prevê contestação judicial caso ele seja aprovado.

Ampulheta Com a manifestação do Ministério Público Federal, o recurso em que o ex-presidente Lula pede para progredir para o regime aberto está pronto para ser julgado pelo STJ. O petista corre contra o tempo. No fim do mês, Gebran Neto, o relator no TRF-4 de um segundo caso de Lula, começará a escrever sua sentença.

Ampulheta 2 Nova condenação em segunda instância acabaria com a possibilidade de Lula deixar a prisão.

Ferro e fogo Gabriela Cruz, primeira mulher a presidir o Tucanafro, grupo de militância negra do PSDB, foi exonerada de posto que ocupava na Secretaria de Igualdade Racial do governo federal nesta terça (4). Na segunda (3), ela acompanhou o novo presidente do partido, Bruno Araújo, no Roda Viva da TV Cultura.

Amigo do meu amigo Segundo amigos de Gabriela, ela não foi informada do motivo de sua exoneração. Samuel Moreira, relator da reforma da Previdência, é do PSDB.

 

Mãozinha Para incentivar os estados a aderirem ao novo marco do saneamento, o governo decidiu incluir o tema no chamado “Plano Mansueto”. A resistência de governadores fez a medida provisória com as mudanças para o setor caducar.

Mãozinha 2 Como mostrou o Painel, a equipe econômica estabeleceu que, para obter empréstimos, os estados terão que adotar ao menos três medidas de ajuste previstas em um cardápio preestabelecido pelo time de Paulo Guedes. Com a inclusão do incentivo ao saneamento, a cartela de opções subiu de sete para oito.


TIROTEIO

O governo adota práticas da mais velha política. Usurpa poderes editando decretos para piratear funções do Congresso

Do senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o número expressivo de normas despachadas por Bolsonaro sem o aval do Parlamento

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