Sem pontes com presidente da Câmara, governo aposta em líder no Senado, do MDB, para articulação

O último dos moicanos Queimadas todas as pontes institucionais com a cúpula do Congresso, dirigentes de partidos foram avisados de que a Casa Civil vai tentar impulsionar as negociações com as bancadas por meio do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE). A proposta foi recebida com ceticismo. Acordos firmados pelo Planalto com os presidentes das duas Casas não foram honrados e a sensação, hoje, é a de que o “governo não tem palavra” e vai sempre ceder à ala que desdenha da política.

Salve o que puder A nova tentativa da Casa Civil de aproximar o governo do Parlamento integra esforço para evitar que os altos e baixos da relação do presidente Jair Bolsonaro com o Congresso fira de morte a reforma da Previdência.

Manda quem pode O rompimento público de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, com o líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo, apenas formaliza afastamento que já existia nos bastidores.

Entra na fila Aliados de Hugo dizem que Joice Hasselmann (PSL-SP) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil) já haviam pedido a cabeça dele a Bolsonaro, que nunca entregou. O gesto de Maia lança nova fonte de pressão nesse sentido.

Somos um Hugo incorpora o bolsonarismo mais puro, pouco afeito à negociação política e com queda à crítica generalizada do Congresso. Por isso mesmo, apostam seus aliados, o presidente o mantém no cargo. Os dois pensariam da mesma maneira.

Pode vir quente Questionado recentemente por um colega sobre sua disposição de permanecer no posto, Vitor Hugo foi sucinto, mas incisivo: “Eu aguento mais pressão”.

Me ajuda a te ajudar Paulo Guedes (Economia) conversou com o presidente Jair Bolsonaro sobre a convocação de manifestações em defesa do governo e contra o Congresso e o Supremo em meio à tramitação da reforma da Previdência. Segundo relatos feitos aos deputados, disse claramente que esse tipo de ato pode atrapalhar o projeto.

É comigo? Bolsonaro teria afirmado que a mobilização “é espontânea” e que ele, pessoalmente, não tem a ver com ela. Apesar disso, a mudança de tom do presidente sobre os atos foi creditada a Guedes.

Desce Reconhecido mundialmente, o programa brasileiro de tratamento de HIV/Aids foi rebaixado no Ministério da Saúde. O antigo departamento que era dedicado à doença, outras enfermidades sexualmente transmissíveis e hepatites foi reestruturado.

Desce 2 O setor de combate à Aids foi reduzido a uma coordenação, dividindo espaço com doenças cujo enfrentamento é diferente, como tuberculose e hanseníase.

Palavra proibida O novo departamento evitou menção ao nome HIV/Aids e foi batizado de “doenças de condições crônicas e infecções sexualmente transmissíveis”.

Giro completo Nesta terça (21), depois de encontrar Santos Cruz (Secretaria de Governo), Marcos Feliciano (PodeSP) foi a Sergio Moro (Justiça) e disse que cerca de 80% da bancada evangélica apoia a manutenção do Coaf sob o guarda-chuva do ministro.

Santo forte Moro aproveitou para pedir um encontro com os evangélicos. Quer apoio ao projeto anticrime.

Como é… A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, divulgou mensagem nas redes sociais nas quais nega ter dito que as manifestações deste domingo (26) seriam “um tiro no pé”.

…que é? A íntegra da frase enviada por Joice ao Painel no domingo (19) é a seguinte: “Acho que essas manifestações são um tiro no pé. Não farei parte disso. O presidente precisa de aliados para governar. Sem aliados não temos chance de mudar o Brasil”.

Visita à Folha Paul Farhi, repórter especializado em mídia do The Washington Post, visitou a Folha nesta terça-feira (21), onde foi recebido em almoço, a convite do jornal.


TIROTEIO

Se o Congresso concorda, presta. Se discorda, não presta. Frases se anulam e a voz do presidente perde o peso que deve ter

Do deputado Daniel Coelho (PE), líder do Cidadania, sobre o discurso errático de Bolsonaro, que ora ataca ora afaga o Parlamento