Políticos querem intervenção de Guedes na crise; aliados do ministro veem cobrança ‘desumana’
Seja o avalista de fato Pilar da agenda que hoje sustenta o governo, o ministro Paulo Guedes (Economia) virou alvo de críticas de parlamentares que o acusam de ser “omisso” diante da crise política. Líderes de partidos dizem que ele poderia fazer Jair Bolsonaro repensar a relação com o Congresso por ser o maior entusiasta da reforma da Previdência, mas prefere se manter alheio ao impasse. O grupo de insatisfeitos já mandou recado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliado do economista.
Limites Um interlocutor diz que é “desumano” cobrar a entrada de Guedes na zona de guerra e que ele tem investido no diálogo com o Congresso. O ministro não poderia, entretanto, invadir a articulação política. Já parlamentares alertam que, disparar contra o centrão, como faz o presidente, corrói a base que ele precisa para aprovar a reforma.
Meu mundo… Segundo um grande gestor de fundos, os investidores acreditam que hoje as novas regras de aposentadoria têm mais chances de passar do que há uma semana, antes do acirramento da crise com o Legislativo.
…cor de rosa A aposta se baseia na ponte firmada entre Maia e Guedes e na leitura de que a Câmara chamou o tema para si. Mesmo os políticos mais otimistas, porém, reconhecem que os atos de domingo (26) podem azedar o clima.
Autofágico A convocação de manifestações pró-Bolsonaro e contra o centrão, o Congresso e o STF ampliou o fogo amigo na base do presidente. Janaina Paschoal, que chegou a sair do grupo de WhatsApp do PSL na Assembleia de SP, foi chamada de traidora. O MBL, que apoiou o presidente no segundo turno, tornou-se alvo de fake news.
Autofágico 2 O movimento, que protagonizou atos pelo impeachment de Dilma, perdeu cerca de 1,7% de inscritos em suas redes sociais. “A minoria barulhenta”, classificou um integrante do MBL.
Que não quer calar Janaina não é a única crítica dos atos. O presidente do PSL, Luciano Bivar, enviou este áudio a deputados: “Particularmente sou contra. Nosso presidente foi eleito legitimamente, por que botar em jogo uma pergunta popular se é a favor ou contra ele?”.
Abre-alas Apesar do mal-estar com Bolsonaro, líderes partidários alinhados a Maia defendem que a Câmara vote, sim, as medidas provisórias que estão na pauta. Há forte apreensão de empresários com a MP que destrava a iniciativa privada no saneamento.
Não por isso Já a medida provisória que Bolsonaro usou para reorganizar a Esplanada deve ser votada só na próxima semana. Líderes de algumas siglas pregam que o plenário dê uma resposta às acusações de fisiologismo do governo acabando com a recriação do Ministério das Cidades.
Não por isso 2 A volta da pasta foi articulada pela Casa Civil com os presidentes da Câmara e do Senado como forma de destravar as negociações políticas. Com a escalada da crise, o Parlamento desistiu da operação, mas os bolsonaristas começaram a citar a recriação do ministério, avalizada pelo presidente, como prova de pressão por cargos.
SOS Governadores de 13 estados preparam carta contra o decreto de Jair Bolsonaro que ampliou o porte de armas no país. Eles pedem que Executivo, Judiciário e Legislativo atuem pela “imediata revogação” do dispositivo. “Julgamos que as medidas previstas não contribuirão para tornar nossos estados mais seguros”, dizem.
SOS 2 Ao contrário, terão impacto negativo na violência, aumentando a quantidade de armas e munições que poderão abastecer criminosos e os riscos de que discussões e brigas entre nossos cidadãos acabem em tragédias.” MA, DF, PI, PE, CE, PB, ES, BA, RN, AL, SE, AM e TO assinam o texto.
Visitas à Folha O ministro Dias Toffoli, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), visitou a Folha nesta segunda-feira (20), onde foi recebido em almoço, a convite do jornal. Estava acompanhado de Márcio Aith, secretário de Comunicação; Adão Paulo Martins de Oliveira, assessor-chefe de Comunicação da presidência do tribunal; Célia Regina Gonçalves, assessorachefe de Cerimonial da corte; e Marcelo Ribeiro Pires, coordenador de Segurança Institucional do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Dennys Antonialli, diretorpresidente da InternetLab, visitou a Folha nesta segunda (20). Estava acompanhado dos diretores Francisco Brito Cruz e Mariana Valente.
TIROTEIO
Apesar do governo, o Parlamento deve ser um fator de estabilidade. Compromisso com o Brasil, não com a crise
Da deputada Renata Abreu (SP), presidente do Podemos, sobre o desafio de votar temas importantes em meio ao impasse político