Crise faz políticos sondarem humor das Forças Armadas; militares não endossariam aventura

No fio da navalha A escalada no tom de apoiadores do presidente contra o Congresso e o STF nas convocações para atos no dia 26 fizeram líderes políticos de diversas siglas sondarem os ânimos das Forças Armadas. Os relatos são de que, neste momento, não há risco de embarque dos militares em “uma saída não constitucional”. Esta semana é decisiva. Se Jair Bolsonaro mantiver o discurso de que é vítima de uma conspirata, parlamentares avaliam que a relação com o Legislativo chegará a ponto de não retorno.

Desencapado Em blogs de apoiadores de Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador da ditadura, surgiu texto atribuído a um general da reserva que fala em “revolução cidadã”. Ele pede que Bolsonaro “lidere o povo” e aponte quem são os achacadores.

Ajuizados Integrantes da ala técnica do governo e de parte da bancada do PSL tentam mudar o mote das convocações. A ideia é redirecionar os chamados para uma pauta positiva, de defesa da reforma da Previdência, de Sergio Moro e até mesmo do presidente, sem ataques às instituições.

Caminho do bem O PSL discute na terça (21) como, institucionalmente, vai se portar diante do protesto. O tema divide a bancada. “Eu, pessoalmente, trabalho para que as pessoas entendam que o diálogo faz parte da atividade política”, diz o Delegado Waldir (PSL-GO), líder do partido.

Lá e cáJoice Hasselmann (PSL-SP), líder do governo no Congresso, vê os atos como “um tiro no pé”. O Major Vitor Hugo (PSL-GO), líder na Câmara, pensa diferente.

Que rei sou eu? Bolsonaro quer usar os atos para mostrar força. Sua bancada monitora o debate nas redes. A meta é levar mais gente às ruas do que o protesto da última quarta (15) contra a política educacional.

Raiz Até agora, os chamados disparados no WhatsApp miram o núcleo mais radical do bolsonarismo. Há um esforço para reengajar caminhoneiros. Nos grupos, os mais inflamados tratam o Congresso e o STF como “um câncer”.

Raiz 2 “O ideal é todos partirem para Brasília (…). Fechar o Congresso e sitiar aquele povo. Chamar o Bolsonaro para tomar uma atitude. Se não deixarem, as Forças Armadas”, diz áudio de um dos líderes.

Peito de aço Apesar da tensão no ambiente político, a equipe econômica acredita que a reforma da Previdência está “blindada”, graças à ponte estabelecida diretamente entre Paulo Guedes e Rogério Marinho com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a cúpula da comissão que analisa o projeto.

Peito de aço 2 Há temor, porém, de que manifestações com foco no Congresso acabem contaminando o clima no Legislativo de modo a inviabilizar que, mesmo pessoalmente engajado, Maia consiga fazer a proposta andar.

Sonho meu Simpatizantes de Olavo de Carvalho dentro do PSL pensam diferente. Acham que, sob pressão, o centrão vai se render e analisar a reforma com mais celeridade.

Menos é mais O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, entrega a Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta segunda (20), documento que destrincha o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro (Justiça). Dez propostas são alvo de crítica ou rechaço de advogados e juristas.

Menos é mais 2 A mudança nas regras que caracterizam legítima defesa de policiais —o chamado excludente de ilicitude— e a gravação de conversas de advogados com clientes deveriam ser excluídas da proposta, segundo a OAB.

Mapa da guerra O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Felipe Francischini (PSL-PR), vai conversar com o coordenador da Frente Armamentista, Loester Trutis (PSL-MS), para verificar quais dos projetos que tratam do porte de arma no colegiado poderiam ser levados adiante.

Plano B Francischini busca alternativa caso o decreto das armas de Bolsonaro seja derrubado por ter a constitucionalidade questionada.


TIROTEIO

Temos que romper o sistema. Sou a favor de ‘redespertar’ a população e apontar que o problema ainda não terminou

Do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) sobre as manifestações convocadas para o próximo domingo (26)