Após impor série de derrotas a Moro e ao governo, Congresso retoma projeto que pune abuso de autoridade

Abriu a porteira Na esteira da série de derrotas impostas ao governo, e em especial ao ministro Sergio Moro (Justiça), nesta quinta (9), dirigentes de partidos articulam submeter a votação, no curto prazo, projeto que pune o abuso de autoridade. A ideia é, com o aval dos presidentes das duas Casas do Congresso, trabalhar texto que está no Senado sob a relatoria de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e incluir na proposta medidas de combate ao crime organizado–esvaziando ainda uma das bandeiras do ex-juiz.

Bumerangue A articulação para reabilitar projeto que trata do abuso de autoridade cresceu nos últimos dias como forma de reagir à imensa pressão das redes e de grupos de WhatsApp contra a retirada do Coaf das mãos de Moro.

Poder da palavra Nesta quinta, o líder de um dos maiores partidos da Câmara contou que recebeu mensagens de mais de 600 números desconhecidos. Uma delas trazia texto que ele interpretou como ameaça. Dizia que, caso votasse pela saída do Coaf da pasta de Moro, o deputado “acabaria PRESO!”, com a palavra em caixa alta.

Hydra Ao adiar a votação da medida provisória que reorganiza o organograma do Executivo, Rodrigo Maia (DEM-RJ) expôs a desarticulação do governo. Diego Garcia (PODE-PR), o deputado que levantou a bola para a decisão, agiu por simpatia a Moro e para impedir a saída do Coaf da Justiça, mas com isso derrubou a articulação da Casa Civil.

Hydra 2 O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), em nome do Planalto, avalizou a votação das mudanças acertadas na comissão especial que analisou a MP, entre elas a migração do Coaf do Ministério da Justiça para o da Economia. Moro, porém, que tem uma bancada de simpatizantes, seguiu brigando pela estrutura.

Hydra 3 A atuação em direções opostas dos integrantes do governo provocou risos na oposição e certa surpresa entre líderes de partidos de centro, que se chocaram com a bateção de cabeça.

Sem freio A ex-diretora de Negócios da Apex Letícia Catelani disse a aliados que quer ir à Comissão de Relações Exteriores da Câmara descrever o que entendeu como interferências de Santos Cruz (Secretaria de Governo) em sua área.

Despedida Antes de se entregar à Justiça, o ex-presidente Michel Temer almoçou com a família e com ex-auxiliares. Fez questão de mostrar mensagens de juristas que criticaram a decisão do TRF-2 de reativar sua prisão preventiva.

Despedida 2 Na quarta (8), ao saber do veredito do tribunal, protestou: “Conseguiram acabar com a minha vida”.

Atentai Nova rodada de pesquisa da XP Investimentos dá sinais de que a avaliação do governo segue em declínio. O percentual que vê a gestão Bolsonaro como boa ou ótima ficou estável (35%), mas o índice dos que a classificam como ruim ou péssima oscilou cinco pontos, de 26% para 31%, de abril para cá.

Atentai 2 A nota dos integrantes do governo que foram avaliados caiu –inclusive a de Sergio Moro, de 7,3 em janeiro para 6,5. A do presidente recuou de 6,7 para 5,7. Há só uma exceção: Hamilton Mourão. Tinha 5,5 e agora tem 5,6.

Bombeiro Paulo Guedes (Economia) escalou seu secretário-executivo, Marcelo Guaranys, para acalmar servidores do IBGE inconformados com o corte de verbas do Censo. Ele dirá que não vai faltar dinheiro e que a pesquisa é estratégica para o país.

Visitas à Folha Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), visitou a Folha nesta quinta (9), onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de André Rebelo, assessor de assuntos estratégicos, Daniela Mendes, assessora de imprensa, e Júnior Ruiz, assessor pessoal.

Sally Lehrman, fundadora e diretora do Trust Project, visitou a Folha nesta quinta (9). Estava acompanhada de Angela Pimenta, coordenadora-executiva do projeto Credibilidade.


TIROTEIO

Moro almeja poderes ilimitados, como na época de juiz da Lava Jato, mas esquece que no meio do caminho tem o Congresso

Do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), sobre o ministro da Justiça ter perdido batalha para manter o Coaf sob o guarda-chuva de sua pasta