Militares reclamam da ‘dubiedade’ de Bolsonaro, e olavistas dizem que presidente está farto de reclamações

Nada ficou no lugar Começam a aparecer as sequelas do embate entre militares e aliados de Olavo de Carvalho. Integrantes da ativa das Forças dizem que Jair Bolsonaro soou dúbio ao tentar sufocar o impasse sem antes defender os generais que estão no governo. Já os olavistas garantem que o presidente está farto dessas cobranças pois avalia que os fardados deveriam protegê-lo —não o contrário. Esse grupo vê chances de Santos Cruz (Secretaria de Governo) perder o mando da Comunicação e também do PPI.

Caiu na pilha Os aliados de Olavo afirmam que o presidente está irritado com a influência dos militares. Dizem que Bolsonaro ficou cismado até com o fato de o ex-comandante do Exército general Villas Bôas ter saído em defesa dos colegas sem consultá-lo antes.

Se vira aí A ala civil do Planalto que não tem ligação direta com Olavo ignora ou faz gracejos sobre o embate entre o escritor e os militares. Motivo: antes, esse grupo temia que os fardados avançassem sobre suas áreas.

Você também O papel do porta-voz, general Otávio Rêgo Barros, também pode ser reduzido . Estuda-se algo mais burocrático, diminuindo as atribuições que ele tem hoje e são típicas de um secretário de imprensa.

Honra ao mérito A passagem de Villas Bôas pelo Congresso, nesta quarta (8), foi marcada por atos de desagravo. Além do ministro Sergio Moro (Justiça), parlamentares de diversas siglas fizeram questão de dirigir deferências a ele.

Peito de aço O ex-comandante do Exército chamou para si a defesa dos militares e o embate com Olavo de Carvalho. Assessor especial do GSI, o general postou foto ao lado de Santos Cruz, nesta quarta. Um deputado da oposição viu a imagem e disse: “O guru do Bolsonaro deu um tiro no pé”.

Meu lado Deputados articulam derrubar na Câmara a condecoração concedida por Bolsonaro a Olavo de Carvalho.

Trégua? A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), diz que vai colocar Villas Bôas e Olavo de Carvalho em contato nesta quinta (9). “Passou da hora de pacificar. Olavo e os militares são muito importantes para o governo. Ninguém ganha com essa briga”, afirma.

Um passo Presidentes de siglas de centro e centro-direita dizem que a decisão de Bolsonaro de recriar o Ministério das Cidades e entregar a articulação política ao Congresso melhora a relação, “mas não resolve”. “É só o começo do processo”, adverte um deles.

Vida real Esses dirigentes dizem que “até que se conclua a reforma da Previdência, o presidente vai perceber que um ministério só não atende a quatro ou cinco partidos”.

Não se pode ter tudo O Planalto de fato avisou que Bolsonaro não topa desalojar o ministro Gustavo Canuto quando o Ministério do Desenvolvimento Regional for diluído. Já o nome de Alexandre Baldy (PP-GO) para o de Cidades foi chancelado pelo presidente.

Plano Mas o governo apresentou um pacote completo aos dirigentes partidários. A Casa Civil abriu programas em seis ministérios —Educação, Saúde, Agricultura, Cidades, Integração Nacional e Cidadania— para escoar verbas demandadas por políticos.

Plano 2 Líderes que atuarem pela reforma da Previdência terão R$ 20 milhões em emendas extraorçamentárias. Os deputados que votarem com o governo, como mostrou a Folha em abril, terão R$ 10 milhões por ano cada.

Somente só Parlamentares que atuam para manter o Coaf no Ministério da Justiça dizem que o Planalto não comprou a briga de Sergio Moro e que Bolsonaro e seus auxiliares não fizeram qualquer esforço para ajudá-lo. Nesse cenário, a expectativa é de derrota.

Supetão A nova ordem de prisão do ex-presidente Michel Temer pegou aliados de surpresa. Há forte temor com o estado emocional do emedebista, que deixou o cárcere pela primeira vez muito abalado.


TIROTEIO

O decreto fere a lei. Privilegia alguns em detrimento da proteção de todos, especialmente mulheres e jovens. Lastimável

De Ilona Szabó, diretora do Instituto Igarapé, sobre a norma baixada por Bolsonaro que amplia consideravelmente o porte de armas