Outros familiares e aliados de Bolsonaro defendem ataques a Mourão; amigos do vice demonstram incômodo

Guerra fria Carlos não está só. Outros familiares e pessoas próximas a Jair Bolsonaro defendem que o vice, Hamilton Mourão, seja mantido sob fogo alto. Alastrou-se na ala ideológica do bolsonarismo a tese de que o general se porta como opção a setores que desconfiam dos métodos e de parte da agenda do presidente. O vice não quer ampliar a tensão, mas aliados já demonstram incômodo. Amigos dizem que o que os Bolsonaro veem como conspiração é, na verdade, respeito pelo jogo democrático.

Ideia fixa O grupo que defende o constrangimento como instrumento de controle dos passos de Mourão diz que o vice age de forma calculada quando faz reparos às falas de Bolsonaro ou de ministros ligados a Olavo de Carvalho. Para essa ala, ele tenta soar palatável ao eleitorado “caso haja alguma instabilidade”.

Espada e escudo Presidentes e líderes de partidos assistem ao embate entre o filho e o vice de Bolsonaro à distância, mas assinalam que rusgas como essas aos quatro meses de governo são mau presságio. Mais: apostam que Carlos ecoa, na verdade, o que pensa o próprio pai e que age debaixo das asas dele.

Deep web O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) tem demonstrado de maneira discreta que tem lado na briga. Além de divulgar comentários em que Carlos elogia o escritor Olavo de Carvalho, ele curtiu no Twitter postagens em que influenciadores de direita ironizam ou criticam Mourão.

Relação abusiva Amigos do vice dizem que ele passou a se preocupar com o impacto que convites a eventos e viagens internacionais podem ter sobre Bolsonaro —Mourão alinhava detalhes de visita à China. Na agenda pública, ele mantém a tradição de pluralidade e segue recebendo deputados de partidos como o PC do B.

A moda pega A atitude do vice tornou-se alvo de debate. Filipe Barros (PSL-PR) diz que “o poder subiu à cabeça” de Mourão e que estava na hora de freá-lo. “Se tivesse demonstrado antes suas posições sobre aborto, por exemplo, não teria sido escolhido”.

Para constar Integrantes das Forças Armadas sentiram falta de uma defesa enfática da instituição nas notas emitidas por Bolsonaro após os ataques de Olavo de Carvalho.

Caminho do meio Ministros do Supremo e do próprio STJ avaliam o resultado do julgamento de recurso do ex-presidente Lula na corte, nesta terça (23), como produto de uma equação na qual duas alas do Superior Tribunal de Justiça tiveram que ceder.

Caminho do meio 2 O relator do caso, Felix Fischer, recuou de posição anterior —ele se recusara a rever qualquer aspecto do veredito dado ao petista. Já colegas garantistas que discordavam dos critérios da condenação por lavagem de dinheiro mantiveram a imputação, mas reduziram a pena.

Regressiva Integrantes do TRF-4, a corte que pode dar a Lula uma segunda condenação colegiada quando avaliar o processo que trata do sítio de Atibaia (SP), acreditam que o tribunal vai levar cerca de seis meses para analisar o novo caso —mesmo ritmo imposto ao julgamento da denúncia sobre o tríplex.

Faça as contas Lula poderia progredir para o semiaberto em setembro. Se for novamente condenado pelo TRF-4, porém, essa expectativa será frustrada. O caso do sítio ainda não chegou ao tribunal.

Motor quente A reunião entre Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e caminhoneiros quase saiu da linha. Quando Freitas criticou o anúncio de paralisação em meio às negociações, um dos líderes, o Dedéco, teria se irritado e colocado as mãos no peito do ministro, que revidou o gesto e pediu respeito.

Voz da experiência O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participa de café filosófico promovido pelo Instituto CPFL no Auditório Ibirapuera (SP), em maio. Tema: os 100 anos do ensaio “Política como vocação”, de Max Weber. A entrada é gratuita.


TIROTEIO

Isso será equalizado. Um não deixará de ser filho nem o outro de ser vice. Um impasse comunga o inútil com o desagradável

Do senador Major Olímpio (SP), líder do PSL, sobre as rusgas entre Carlos Bolsonaro e Hamilton Mourão, que tomaram o noticiário