Crítico da ‘esquerda nas universidades’, novo ministro gera apreensão sobre política para ensino superior
Tua fama te precede A indicação de Abraham Weintraub para o Ministério da Educação criou forte expectativa entre gestores da área e integrantes do governo a respeito da política que ele vai adotar para o ensino superior. O economista, que está com Jair Bolsonaro desde a campanha, critica desde os encontros do grupo que coordenou a transição o que vê como expressiva influência da esquerda no comando das universidades públicas. Já naquela época, pregava o expurgo de quadros ligados à oposição.
Nome de guerra Membros do próprio governo brincaram nesta segunda (8) com a mística que se criou em torno de Weintraub chamando-o de “caçador de esquerdistas”.
Ver para crer O novo ministro promete gestão técnica. Por isso, ex-integrantes do MEC, entidades ligadas à pasta e militares avaliam que é preciso esperar as primeiras ações para mensurar qual o tamanho da influência de Olavo de Carvalho sobre Weintraub.
Fato consumado A escolha do titular do MEC reforçou a sensação de parte do Congresso de que Bolsonaro não vai mesmo abrir a guarda para a política opinar sobre os rumos da gestão.
Me basto Nem os evangélicos, que apoiam o presidente e pleiteavam espaço, foram ouvidos. Weintraub foi visto como a prova de que o Planalto vai dobrar a aposta e seguir o rumo que o trouxe até aqui.
A quem de direito O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), externou insatisfação de integrantes do Congresso que têm relações com o setor produtivo e vêm sendo cobrados a acelerar a articulação pró-reforma da Previdência ao dizer que a responsabilidade de levar a medida é do Planalto. Ele tenta redirecionar o foco da pressão.
Sem zagueiro As últimas declarações de Bolsonaro sobre a reforma decepcionaram a equipe econômica. Ao dar de barato o enxugamento da proposta, ele contrariou o mantra do grupo, que defende a integralidade do texto.
Endereço certo A queda vertiginosa da avaliação do governo entre os 104 representantes de investidores ouvidos pela XP foi um recado direto ao presidente. A aprovação caiu de 70% para 28%. Paulo Guedes (Economia) segue prestigiado.
Uma mão lava a outra A Confederação Nacional dos Municípios vai declarar apoio à reforma da Previdência, mas com algumas condições. A entidade condena mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e na aposentadoria rural.
Uma mão lava a outra 2 Além disso, a confederação vai pedir a ampliação do prazo previsto no texto para que os municípios quitem débitos com a Previdência. A formatação atual prevê o pagamento em até 60 dias. O apoio à reforma será declarado pelo presidente da entidade durante a Marcha dos Prefeitos.
Questão de etiqueta Na tentativa de evitar que líderes do centrão esvaziem a apresentação do relatório da reforma da Previdência na CCJ, nesta terça (9), o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), telefonou a colegas e pediu que prestigiem a sessão.
Para constar Deputados com larga experiência na Câmara apostam que a reforma avança na Comissão de Constituição e Justiça, mas com um placar “nada exuberante”. No colegiado, a análise que prevalece é a de admissibilidade, eminentemente técnica.
Segundo round Os integrantes da Comissão de Meio Ambiente da Câmara se preparam para travar duro embate com o ministro da área, Ricardo Salles. Ele falará ao colegiado nesta quarta (10). O clima da oitiva de Paulo Guedes na CCJ, semana passada, é usado como referência.
Você conta ou eu conto? Colegas do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), que assumiu ser gay semana passada após atacar transexuais em discurso, relatam que, aos mais próximos, ele deu a entender que decidiu falar sobre o assunto após ser ameaçado de exposição por ex-parceiros.
TIROTEIO
Discurso sustenta expectativas por algum tempo, mas, na ausência de dados concretos, discurso não faz milagre
De Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda, sobre a retração do otimismo do brasileiro com a melhora da economia sob Bolsonaro