Partidos de centro e centro-direita articulam agir em bloco em negociação com Bolsonaro

Ninguém solta a mão… Na véspera da primeira reunião com Jair Bolsonaro, dirigentes de partidos de centro e centro-direita vão fazer um encontro fechado para afinar os termos da conversa que terão no dia seguinte no Planalto. As cúpulas de DEM, PP, PRB e PR se encontram nesta quarta (3) para tentar manter o bloco que viabilizou a eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao comando da Câmara unido em meio às negociações com o governo. A ideia, dizem, é sentar com o presidente mais para ouvir do que para falar.

Gato escaldado O encontro entre Bolsonaro e os dirigentes partidários se dará em clima de desconfiança. Ninguém está disposto a chegar dando conselhos ou apresentando demandas ao presidente. Temem que ele faça o que fez com Maia, e, após a conversa, diga estar sendo “pressionado pela velha política”.

Às claras O presidente da Câmara e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foram convidados pelas cúpulas dessas siglas a participar da conversa. Os dirigentes das legendas querem deixar os dois a par do que for acertado pelo grupo.

Todos por um Entre DEM, PR, PRB e PP a ideia é não embarcar nem rechaçar qualquer acordo com o Planalto sem o conhecimento dos demais.

Se aprende em casa O ministro Paulo Guedes (Economia) passou por uma saia justa em meio à maratona de encontros que tem feito com bancadas da Câmara para esclarecer trechos da reforma da Previdência. Ao comentar as dificuldades da articulação política, foi interrompido pelo deputado Expedito Neto (PSD-RO).

Se aprende em casa 2 Bolsonaro não sabe, mas o filho dele sabe direitinho como é que faz [velha política]”, disse o parlamentar, segundo o relato de colegas, sem citar nomes. O gabinete de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) na Assembleia do Rio é suspeito de ter se apoderado de parte dos salários de servidores.

Nada a acrescentar Quem viu a cena diz que Guedes saiu pela tangente: “Quem errou tem que pagar”, respondeu. Procurado, Expedito Neto não retornou.

Anote na agenda Há acordo na Câmara para levar à votação na próxima semana proposta que regulamenta o lobby.

Ato falho Sete deputados do PSL deram apoio a uma PEC que retira prerrogativas de vice-presidente, vice-governadores e vice-prefeitos. O texto, feito por dois petistas, diz que “em nenhuma hipótese o vice assumirá o cargo em definitivo”. Pela proposta, se o titular deixar o posto, o substituto seria escolhido em nova eleição.

Ato falho 2 O projeto foi apelidado de “PEC anti-Mourão”. Os deputados do PSL só se deram conta do teor do texto quando ele foi publicado no Diário da Câmara. Os petistas conseguiram 172 apoios –precisavam de 171 para que a proposta começasse a tramitar.

Tem misericórdia Nesta semana, ao menos três deputados do PSL pediram para retirar suas assinaturas. Esperam aval de Rodrigo Maia, já que o regimento proíbe a inclusão ou exclusão de apoios a propostas coletivas após publicação no Diário da Câmara.

Preventiva Vice-líder do PSDB, Beto Pereira (MS) apresentou projeto que obriga juízes e membros do Ministério Público que queiram ser candidatos a deixarem seus cargos cinco anos antes da eleição.

Limite A desidratação da reforma da Previdência é dada como certa. Nem o PSL confirma 100% de apoio a temas mais sensíveis, como BPC e aposentadoria rural, quando o texto chegar à comissão especial.

Uni-vos Prestes a tomar o controle do PSDB, o governador João Doria (SP) trabalha para acomodar integrantes históricos da sigla. Ele almoçou com Geraldo Alckmin, atual presidente da legenda, nesta terça (2). Semana passada, foi até FHC.

Cotonete A aprovação do impeachment de Marcelo Crivella foi visto como um duro recado ao prefeito do Rio: aprenda a ouvir.


TIROTEIO

A viagem é importante, pois corrige o viés anti-Israel que havia. Mas o nazismo não foi de esquerda, foi de extrema direita

De Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil, em resposta às afirmações de Bolsonaro e seu chanceler