Desarticulação política e exposição na CCJ irritam Paulo Guedes
Som e fúria A queda de braço entre o Planalto e o Congresso levou o ministro Paulo Guedes (Economia) a se queixar diante de parlamentares e aliados do desarranjo político. Os relatos variam de tom, mas todos dão conta de que ele expressou claramente sua insatisfação com “a desarticulação do PSL”, partido de Jair Bolsonaro. Deputados dizem que, inconformado, Guedes reclamou aos gritos do ambiente na CCJ. Integrantes da pasta, por sua vez, confirmam a chateação, mas afirmam que ele não se exaltou.
Funil A insatisfação dos partidos com o governo fez com que líderes de todas as siglas simpáticas à reforma da Previdência ligassem para o presidente da Comissão de Constituição e Justiça pedindo para que ele não escolhesse o relator da proposta entre os membros de suas bancadas. Agora só PSL e Novo estão no páreo.
Lado A, lado b O embate entre o governo e o Congresso rachou o PSL. Uma ala da sigla passou a criticar as atuações do líder da legenda, Delegado Waldir (GO), e da líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (SP). O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também se tornou alvo do grupo.
Tudo ele Integrantes da parcela mais inflexível do PSL dizem que o Planalto paga hoje o preço pela posição assumida pela legenda no início do ano, quando declarou apoio à eleição de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara.
Sem tempo, irmão Parte da bancada do PSL radical participou de reunião chamada pelo líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), nesta terça (26). Nem Joice nem o Delegado Waldir foram ao encontro. Dos 54 deputados, 30 compareceram.
Coerência Até Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) votou a favor do projeto que tira poder do governo sobre o Orçamento. Justificou que ele e o pai foram favoráveis ao texto quando apresentado em 2015.
Registro O governador do DF, Ibaneis Rocha, manifestou a Paulo Guedes (Economia) seu incômodo com a ordem de Bolsonaro para que as Forças Armadas celebrem os 55 anos do golpe militar, no domingo (31). Na frente dos outros governadores, disse que o presidente “não ajuda nada” ao instar esse tipo de polêmica.
Casa da mãe Joana Demitido pelo ministro Ricardo Vélez (Educação), Marcus Vinicius Carvalho, que chefiava o Inep, disse a amigos que a portaria que motivou sua exoneração estava em debate na Secretaria de Alfabetização havia três semanas. Vélez afirmou desconhecer o documento.
É pessoal O titular da Secretaria de Alfabetização, Carlos Nadalim, entrou na mira de Vélez, mas não foi exonerado. Por isso, Carvalho alegou que foi perseguido pelo ministro. Ele é próximo de outros quadros técnicos que foram expurgados do MEC.
Documentário ou ficção Já em casa, o ex-presidente Michel Temer leu toda a acusação do Ministério Público e a decisão em que o juiz Marcelo Bretas decretou sua prisão preventiva. A aliados, fez questão de sublinhar ponto a ponto os trechos que considerou contestáveis e os que descreveu como “fantasiosos”.
Cartão de Natal O ex-presidente, que é advogado constitucionalista, tomou nota dos nomes de todos os juristas que criticaram a decisão de Bretas nos jornais.
Cabeça e coração A possibilidade de Fabio Wajngarten assumir a Secretaria de Comunicação do Planalto indica tentativa do governo de profissionalizar a área. O empresário é, sim, bolsonarista de carteirinha, mas tem passagem por veículos de comunicação e é descrito como “racional e moderado” por quem trabalhou com ele.
Visita à Folha Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, visitou a Folha nesta terça (26), onde foi recebido em almoço, a convite do jornal. Estava acompanhado de Nunzio Briguglio Filho, assessor de imprensa, Frederico Assis, assessor político, e Laio Correia Morais, advogado.
TIROTEIO
Negar a história não é o caminho para construir o futuro. E quem nega o óbvio provavelmente tem algo muito pior a esconder
Do senador Jaques Wagner (PT-BA), sobre a ordem de Jair Bolsonaro para que militares façam a “comemoração devida” do golpe de 1964