Queda da aprovação de Bolsonaro coincide com insatisfação crescente no Congresso e amplia ameaça à reforma
Sem síndrome de Estocolmo A pesquisa Ibope que apontou a queda da popularidade do governo Jair Bolsonaro chegou em mau momento para o Planalto. É crescente a irritação de parlamentares não só com o tratamento dispensado a eles por ministros, como também com a atitude da bancada do PSL. A indisposição chegou a siglas naturalmente favoráveis à reforma da Previdência, como o PSDB e o DEM. Nesse cenário, a indicação de desidratação da confiança no presidente tende a agravar a situação.
Quem com ferro fere Para os tucanos, a gota d’água foi uma fala do deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), durante reunião da CCJ, na terça (19). Ele chamou o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, de “assassino”.
Afasta de mim Houve forte reação no grupo da bancada. A fala, vista como gratuita, caluniosa e despropositada, fez deputados da sigla pregarem um descolamento formal do bloco capitaneado pelo PSL, além de um embate frontal com os apoiadores de Bolsonaro em plenário.
Bancada de haters Integrantes do partido do presidente passaram a ser vistos como um “incômodo” no Congresso. Enquanto parlamentares de outras legendas discursam na tribuna, eles ligam o celular, filmam os colegas, criticam e postam nas redes.
Cresça e apareça “Não agem em momento algum como membros do partido do governo, que precisam agregar apoio a um projeto maior. A reforma é prioridade em tese. Na prática, ela não é”, diz um deputado do centro.
Tenho a força Os dados da pesquisa que mostram que os evangélicos são os que mais aprovam o governo Bolsonaro foram celebrados pela bancada religiosa. Os resultados serão usados pelo grupo para dizer ao presidente que ele precisa valorizá-lo, ou encarar o risco de uma desidratação ainda maior em sua avaliação.
Tenho a força 2 Um deputado diz que o apoio evangélico segue porque a insatisfação ainda não chegou ao púlpito das igrejas. Num estalar de dedos, diz ele, tudo pode mudar.
Realidade virtual Aliados de Bolsonaro minimizaram a pesquisa e disseram que ela reforça a sensação de que o presidente é alvo de perseguição.
Kamikaze Senadores que estão à frente da chamada CPI da Lava Toga querem ampliar a pressão sobre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que já está sob questionamento constante nas redes. Planejam apresentar questão de ordem pedindo a instalação imediata da comissão de inquérito.
Bloquear contato A evidente irritação de Rodrigo Maia (DEM-RJ) com o governo Jair Bolsonaro escalou dois tons nesta quarta (20), com a estocada no ministro Sergio Moro (Justiça), que vem cobrando a tramitação de seu pacote anticrime. O democrata avalia que Moro está contribuindo para colocar as redes contra ele.
Start Os coordenadores dos grupos que vão analisar o pacote de Moro junto ao projeto organizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, começam a definir um cronograma nesta quinta (21), às 10h30.
Calendário O ministro, que coordena colegiado do CNJ, e a deputada Margarete Coelho (PP-PI), que exerce tal função na comissão criada pela Câmara, se encontram para estabelecer linhas prioritárias e marcar a primeira reunião das dois grupos que vão analisar o tema.
Fim da fila Moraes elaborou no ano passado, em parceria com a Câmara, uma longa proposta de mudança na legislação penal. Seu pacote é visto como prioritário ao de Moro.
Tranquilão Bolsonaro enviou mensagem ao ministro Ricardo Vélez (Educação) enquanto estava nos EUA para reafirmar a permanência dele no posto. Fez o gesto logo após ter encontrado o escritor Olavo de Carvalho, que declarou guerra a nomes do MEC.
Não se escreve Apesar do sinal, a expectativa é a de que Vélez deixe o cargo em breve.
TIROTEIO
Se o governo entendesse que precisa do Congresso para uma gestão harmônica, não teria de travar a convocação de ministros
De Jhonatan de Jesus (RR), líder do PRB, sobre oposição e centrão terem agido para chamar auxiliares do Planalto a prestar explicações