Decreto que regulamenta nomeações irrita Congresso; líderes articulam retaliar militares
Sujo falando do mal lavado O decreto que regulamenta nomeações de cargos comissionados acabou ampliando a insatisfação de alas do Congresso com o Planalto. No mérito, dizem deputados, o texto é bom. O problema é o timing. Publicada nesta segunda (18), após os principais postos já terem sido preenchidos e em meio às conversas para as primeiras indicações de partidos, a norma, para integrante da cúpula do Parlamento, amplia a sensação de que, como chegou a vez de acenar à política, é preciso redobrar cuidados.
Queda de braço Líderes de siglas alinhadas à agenda de Jair Bolsonaro preparam uma reação ao Planalto logo após a chegada da reforma da Previdência dos militares. Eles vão propor emenda que proíbe integrantes da reserva de acumularem cargos.
No seu quadrado Se aprovada, a medida impediria, por exemplo, a nomeação de militares da reserva para funções no Executivo. A movimentação é um revide ao que tem sido chamado de excesso de militarização do governo –e criminalização da política.
Dois gumes A atenção devotada pelo presidente e seus filhos a perfis de redes sociais que apoiam Bolsonaro fez com que membros do Parlamento também passassem a acompanhar essas postagens. Resultado: nesta segunda (18), Rodrigo Maia (DEM-RJ) recebeu registros em que um desses ativistas digitais o acusa de querer “achacar o governo”.
Tiro no pé O perfil atrela críticas pontuais do presidente da Câmara ao texto da reforma a uma suposta ação para desestabilizar o governo. Como Carlos Bolsonaro, o filho mais engajado na internet, estava em Brasília nesta segunda, aliados de Maia não deixaram de apontar a coincidência.
Mira O presidente da Câmara é visto hoje como “o” articulador da reforma no Congresso.
Ao léu Felipe Francischini (PSL-PR) relatou a colegas nesta segunda (18) que, cinco dias depois de ter sido eleito presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, ainda não recebeu nenhuma ligação do Planalto.
Sem exclusividade O deputado Paulinho da Força (SD-SP) enviou uma mensagem para o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) no fim do Carnaval. Segue sem resposta.
Para bom entendedor… O governador João Doria (PSDB-SP), apoiador da reforma da Previdência, começou a demonstrar preocupação com distrações na agenda do Planalto. A empresários, tem defendido “foco total no projeto”.
… meia palavra basta “Temos que ficar absortos de outros temas, até para não nos contaminarmos.” O discurso foi adotado após apoiadores do governo, como o escritor Olavo de Carvalho, ampliarem o tiroteio contra ministros e o vice Hamilton Mourão.
Junto e misturado Os funcionários da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) receberam informes sobre a provável fusão da TV NBR com a TV Brasil. Em email, a direção de jornalismo disse que, diante do “processo de reestruturação”, “as equipes da TV Brasil, quando solicitadas, devem gravar matérias para a NBR”.
Uma coisa só A mensagem destaca que não haveria “incompatibilidade, conflito ou desvio de função”, uma vez que “estamos falando da EBC, empresa para qual os funcionários prestaram concurso”.
Mãos de tesoura Uma ala do governo defende que toda a publicidade institucional seja gravada nos estúdios da EBC para cortar gastos.
Preto no branco Em meio à polêmica sobre a fundação que a Lava Jato de Curitiba tentou criar, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) decidiu apresentar projeto que garantiria a destinação de valores recuperados em delações, leniências e acordos com autoridades estrangeiras ao Fundo Social do pré-sal.
Na Folha Sérgio Dávila, editor-executivo desde 2010, assumiu nesta segunda-feira (18) a Direção de Redação da Folha, posição que era ocupada por Maria Cristina Frias.
TIROTEIO
Nenhum ser humano é ilegal. Mas há governos que se recusam a aceitar que migrar faz parte da nossa natureza
Camila Asano, da Conectas Direitos Humanos, após Eduardo Bolsonaro dizer que imigrantes ilegais são “vergonha para a gente”