Ministros do TCU e do STF defendem seguir com ações mesmo após Lava Jato suspender fundação
Fenda sem remendo Integrantes do Supremo e do Tribunal de Contas da União defendem internamente que a decisão da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba de suspender a criação de uma fundação com dinheiro da Petrobras não põe fim aos diversos questionamentos já apresentados às cortes sobre o caso. Alguns instrumentos, como o escolhido pela procuradora-geral, Raquel Dodge, têm efeito vinculante, ou seja: se a reclamação for acatada, iniciativas semelhantes estarão vetadas em todo o país.
Que tiro foi esse? O tom do duríssimo questionamento apresentado por Dodge ao STF surpreendeu integrantes de outras cortes e da própria Lava Jato –a força-tarefa não foi por ela avisada da iniciativa. Dentro do Ministério Público, houve especulações sobre o que a inspirou a escrever texto tão incisivo.
Pano para manga Para integrantes do TCU, a peça montada pela PGR é tão rigorosa que pode ser usada para incrementar questionamentos em conselhos disciplinares à conduta dos procuradores que assinaram o acordo e da juíza que o homologou.
Duas vias A bancada do PT no Senado protocolou requerimento no Ministério da Justiça, de Sergio Moro, solicitando toda a documentação que deu base à redação do polêmico acordo da Lava Jato com a Petrobras. A sigla e o PDT também foram ao Supremo.
Que momento O questionamento de Dodge chegou ao STF na véspera de julgamento importantíssimo para a Lava Jato, que pode fazer migrar para a Justiça Eleitoral todos os processos que combinem caixa dois com outros crimes. Esse timing também foi objeto de conversas no MPF.
Há precedente A Corte Especial do STJ decidiu, em novembro de 2018, por unanimidade, que esse –o juízo eleitoral– era o caminho natural de ações que combinassem caixa dois com outros delitos. Daí, dizem ministros, não se pode descartar que o plenário do STF vá na mesma direção.
Diga-me com quem andas O PSOL protocolou questionamento na Secretaria de Governo da Presidência para saber quais as agências que têm prestado serviços para o governo –e, se houver, quem são os blogueiros e youtubers que recebem verba do Planalto.
Melhor não Pessoas próximas à família de Jair Bolsonaro aconselharam o clã a não comentar a prisão dos dois suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) para evitar a “proliferação de ilações sobre milícias”.
Bota na conta O escritor Olavo de Carvalho e o ministro Ricardo Vélez (Educação) conversaram pelo telefone. Carvalho, que tem feito críticas pesadas ao MEC, indicou que a demissão do secretário-executivo da pasta, Luiz Antônio Tozi, seria uma condição para pacificar a relação.
Efeito bumerangue Nesta terça (12), integrantes do governo próximos a Olavo de Carvalho voltaram a apostar na reversão do afastamento de discípulos do escritor do ministério. Eles esperam que apenas Silvio Grimaldo, que era chefe de gabinete de Vélez, saia efetivamente.
Sob ataque Pessoas ligadas à bancada evangélica estimulam cobranças a Onyx Lorenzoni sobre a nomeação de Antonio Paulo Vogel, que atuou em gestões do PT, para uma secretaria da Casa Civil. Sem citar auxiliares nominalmente, o ministro gravou vídeo para defender seus assessores.
Farda demais A presença de militares nos mais diversos ministérios e em áreas estratégicas do Planalto começou a ser questionada por pessoas próximas à família de Bolsonaro. Esse grupo diz que, para fugir do “toma lá, dá cá” com os partidos, o presidente acabou caindo na armadilha do “corporativismo militar”.
Visita à Folha Mauricio Adade, presidente da DSM para a América Latina, visitou a Folha nesta terça-feira (12). Estava acompanhado de Zenaide Guerra, diretora de comunicação e assuntos corporativos para a América Latina, e Edson Porto, assessor de imprensa.
TIROTEIO
Que a justiça tardia não falhe no que falta. Prender os executores sem encontrar os mandantes seria frustrante
De Chico Alencar (PSOL-RJ), sobre a captura dos suspeitos de terem assassinado a vereadora do Rio Marielle Franco e Anderson Gomes
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