Saída de pupilos do MEC escancara queda de braço entre Olavo de Carvalho e militares
Pane no sistema A saída de quadros ligados a Olavo de Carvalho do Ministério da Educação marca novo patamar na queda de braço travada entre o guru do bolsonarismo e militares que compõem o governo. Dois parlamentares ligados ao escritor definem o episódio como a maior crise já exposta no núcleo ideológico que dá suporte ao presidente. Em disputa está a tutela do discurso de Jair Bolsonaro. Aliados do Planalto não veem o MEC como o único front. Apostam em tensões também no Itamaraty.
Até tu, Brutus? Olavistas atribuíram a decisão de Vélez de demitir ou deslocar aliados do escritor como fruto da pressão de diversos grupos, mas especialmente de pessoas ligadas ao Exército e ao Ministério da Economia. Ações de empresas como a Kroton fecharam em alta nesta sexta (8).
Torniquete Assim que a crise começou a explodir nas redes sociais, Bolsonaro escalou aliados para tentar conter o desconforto. No fim, nem todas as exonerações previstas foram publicadas.
Questão de estilo Olavistas não negam incômodo com o que chamam de impasse entre o “conservadorismo que Carvalho representa e que mobiliza apoiadores de Bolsonaro” e o “positivismo dos militares”, vistos como pouco afeitos a pautas de costumes e religião, além de muito pragmáticos nas relações exteriores.
Fraquejou O anúncio de que o presidente planeja uma viagem à China foi visto como sinal de que ele está “cedendo ao discurso dos militares”. Quando parlamentares do PSL foram ao país comunista, Olavo de Carvalho protagonizou uma cruzada nas redes.
Eis-me aqui Em meio à crise, ganhou corpo um movimento para substituir Vélez no MEC. Stavros Xanthopoylos, que ajudou a elaborar o programa de Bolsonaro na campanha e tem afinidade com militares, começou a falar sobre o assunto com integrantes do governo ligados à área.
Menos um A saída de Pablo Antônio Tatim da Subchefia de Ação Governamental da Casa Civil releva mais um sinal de divisão no Planalto. Apesar da proximidade com o ministro Onyx Lorezoni, ele não conseguiu vencer a resistência do grupo ligado ao general Floriano Peixoto (Secretaria-Geral da Presidência).
Com açúcar… Auxiliares do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) dizem que uma das principais preocupações do Planalto é a composição da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que deve ser instalada na próxima semana.
…e com afeto O grupo da articulação política do Planalto diz que espera contar com a ajuda de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Casa, para convencer líderes partidários a indicarem ao colegiado nomes que “tenham carinho” pela reforma da Previdência.
Mais de 40ºC Caciques do centrão fizeram graça da contagem de apoios às novas regras de aposentadoria na Câmara apresentada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) ao Estado de S. Paulo. Em entrevista ao jornal, Guedes disse que faltam menos de 50 votos para aprovar a medida. “Está com febre”, disse um líder.
Ligue os pontos Na véspera da montagem das comissões que vão analisar a reforma, o Judiciário celebrou o pedido de criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público. O autor da proposta, Professor Israel Batista (PV-DF), registrou o apoio de 235 deputados.
Sem tarja O ex-ministro da Segurança Raul Jungmann pediu providências à procuradora-geral, Raquel Dodge, por ter tido dados pessoais, como o telefone, divulgados no pedido de afastamento de Gilmar Mendes do caso de Paulo Preto. A solicitação foi feita pelo Ministério Público Federal.
De gaiato Jungmann diz que “não houve qualquer preocupação com a preservação das informações privadas de terceiros”. Ele apareceu no caso por ter repassado o número de Mendes, do STF, ao ex-senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), amigo de Paulo Preto.
TIROTEIO
A casa é insegura para a mulher. Palco de mais de 50% dos feminicídios. Parceiros que se veem donos, senhores da vida ou morte
De Jacira Melo, do Instituto Patrícia Galvão, sobre 71% de homicídios e ataques terem atuais e ex-companheiros como principais suspeitos