Bebianno, ‘Lava Jato da Educação’ e desavença com governadores turvam chegada da nova Previdência
Efeito dominó A nova Previdência desembarca no Congresso, nesta quarta (20), em mar revolto. Além da condução da crise que derrubou Gustavo Bebianno, o governo deflagrou duas operações que desagradaram aliados. A “Lava Jato da Educação” deixou a direção do DEM de cabelo em pé –Mendonça Filho, chefe da pasta na era Temer, é da sigla. Já a decisão de desidratar o impacto das mudanças nas aposentadorias sobre a folha dos estados irritou tanto os governadores que a equipe econômica recuou.
Cordão sanitário O anúncio da “Lava Jato da Educação”, feito no fim da semana passada, irritou a cúpula do DEM. Apesar do consenso de que a mira da apuração estará voltada para a gestão do PT, o fato de ninguém ter definido um marco temporal para as investigações foi alvo de muitas críticas entre integrantes da sigla.
Diga-me com quem andas O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disparou mensagens a aliados explicitando sua insatisfação com a atitude do governo. A colaboração de Maia é essencial para o andamento da reforma da Previdência no Congresso.
A história ensina A ala mais programática do DEM alerta ainda para os possíveis efeitos de uma caçada irracional a irregularidades em universidades. Esse grupo cita como mau exemplo a ofensiva da PF que levou ao suicídio do reitor Luiz Carlos Cancellier, em 2017.
Temos isso A notícia da decisão do governo de desatrelar servidores públicos estaduais e municipais da reforma foi postada num grupo de WhatsApp que reúne os governadores nesta segunda (18). O caso foi revelado pela Folha.
Queda de braço As reações se dividiram entre os que de imediato pregaram deixar o Planalto sozinho na empreitada de aprovar as novas regras de aposentadoria e os que defenderam agir à revelia da equipe de Jair Bolsonaro para mudar o texto no Congresso.
De olho Com os estados financeiramente apertados, governadores reivindicam a aplicação imediata das mudanças impostas pela reforma ao funcionalismo de estados e municípios. Em troca, vão ajudar a articular a aprovação da medida. Sob ameaça de boicote, Paulo Guedes (Economia) recuou, mas a desconfiança sobre o Planalto persiste.
Remediado está Aliados de Gustavo Bebianno, agora ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, receberam antecipadamente a informação de que Jair Bolsonaro gravaria um vídeo de desagravo a ele. Após um longo processo de fritura pública, pessoas próximas diziam que o outrora braço direito do presidente estava sereno nesta segunda.
Rebote A saída de cena de Bebianno ampliou a sensação de que a articulação política do governo está capenga. Líderes de partidos da base discutiam nesta segunda (18) um boicote à reunião com o presidente convocada para quinta (21).
Isca Integrantes da equipe de Paulo Guedes (Economia) dizem ver com bons olhos o fato de o pacote anticrime de Sergio Moro (Justiça) chegar ao Congresso quase colado à reforma da Previdência. Para esse grupo, a proposta do ex-juiz será um chamariz para deputados “youtubers e fardados”.
Isca 2 O projeto de Moro será levado ao Congresso nesta terça (19) e, desde já, suscita polêmica. Nas palavras de um entusiasta da nova Previdência, pode ser bom dividir os holofotes. “Se tiver que ter empurra-empurra”, ele diz, que seja nas comissões que debatem a tese do ministro da Justiça.
Guarda compartilhada Deputados já preparam emendas ao projeto de Moro. Um aliado de Bolsonaro pretende apresentar ao menos 30.
Padrinho Bolsonaristas dizem estranhar o empenho de Levy Fidelix (PRTB), assessor do vice Hamilton Mourão, em propagar ideias de Claudio Lottenberg no governo. O hoje presidente da UnitedHealth Group sempre figura como opção para a Saúde. Procurado, Levy não retornou.
Folha, 98 A Folha completa hoje 98 anos.
TIROTEIO
Na Câmara, aliados estão apreensivos com a condução do caso Bebianno. A fritura pública deixou a base com o pé atrás
Da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), sobre a crise no governo. Ela diz que, agora, é reconstruir a confiança para aprovar a reforma