Ligação de Flávio com supostos milicianos leva crise de volta ao Planalto e dá fôlego à oposição
Tiro de bala perdida A revelação de que Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) empregou a mãe e a mulher de um ex-policial militar suspeito de comandar milícias no Rio elevou o patamar da crise que absorveu o filho mais velho do presidente. No Planalto, a ordem é tentar blindar Jair Bolsonaro. Mas há o reconhecimento tácito de que as falas complacentes do presidente a milicianos e seu silêncio após a morte de Marielle Franco (PSOL-RJ), em março de 2018, dão munição mais do que suficiente para a oposição.
Reprise Não é a primeira vez que laços entre o gabinete de Flavio e milicianos aparecem. Uma outra assessora do hoje senador eleito, que é tesoureira do PSL no estado, teve dois irmãos PMs acusados de extorsão presos em setembro do ano passado, como revelou o Estado de S. Paulo.
Durou pouco A divulgação de novas conexões com milicianos preocupou aliados de Flavio. Eles haviam terminado a segunda (21) comemorando o estancamento parcial da crise, com a corroboração da versão do senador eleito para os depósitos em dinheiro vivo e , principalmente porque, avaliaram, o assunto tinha saído do Planalto.
Duas medidas Aliados do clã Bolsonaro no Congresso minimizaram o caso. Bia Kicis (PRP-DF), eleita deputada com forte discurso de combate à corrupção, diz que Flavio tem desmontado as acusações e que ele vem sendo alvo de atenção desproporcional.
Meia volta O senador eleito pretende retomar a intensa atuação nas redes sociais para tentar fazer frente aos ataques e desconfianças de que se tornou alvo. Como mostrou o Painel no sábado (19), desde que o caso Queiroz explodiu, Flavio diminuiu sua assiduidade do Twitter.
Curto e grosso? Analistas de mercado não esperavam que Jair Bolsonaro entrasse em miúdos sobre a Previdência no discurso em Davos, mas dizem que, com uma fala de apenas seis minutos, o presidente passou a impressão de que lhe falta conteúdo. Para investidores, era preciso mais sinais de Paulo Guedes na mensagem.
Sintonia fina No almoço do Itaú Unibanco, em Davos, Guedes elogiou o governador de SP, João Doria, pelo pacote de privatizações que o tucano apresentou para o estado.
Por cima do rei O secretário Nacional de Segurança Pública, general Guilherme Teophilo, reviu a indicação de Sergio Moro para a coordenação da área de estatística do órgão. O ministro da Justiça havia convidado o economista Cristiano Oliveira para comandar o setor, mas Teophilo escalou outro nome para o posto.
Tudo que vai… Em 31 de dezembro, Oliveira disse nas redes sociais que havia aceitado o convite de Moro e que seria um desafio abrir mão da família e de seu trabalho na Universidade Federal do Rio Grande para morar em Brasília.
Adeus Na segunda (21), o economista voltou às redes: “O Secretário Nacional de Segurança Pública escolheu outra pessoa, um militar, para coordenar a área de estatísticas. Sou grato ao ministro Sergio Moro pelo convite e a todos amigos pelas mensagens”. Procurado, Teophilo não comentou.
Baixo-astral Especialistas em segurança pública lamentaram o episódio. Dizem que o ministério perde um doutor em economia do crime, e temem que Moro perca espaço para militares na pasta.
45 do segundo tempo Luiz Antonio Bonat, que deve assumir a vaga de Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba, se inscreveu no concurso interno a poucas horas do fim do prazo, que se encerrou na segunda (21). Bonat é o mais antigo juiz entre os concorrentes.
Até o fim Antes de ligar para Renan Calheiros (MDB-AL) nesta terça (22), Simone Tebet (MDB-MS) afirmou a aliados estar decidida a entrar na briga pela presidência do Senado mesmo sem o apoio da sigla.
Até o fim 2 Renan disse a Tebet que seguirá o que a bancada do MDB decidir. E, se ela for a escolhida para a disputa, será o primeiro a declarar voto.
TIROTEIO
Habituado a falar só por tuítes para seus seguidores, foi curto, raso e só aumentou a desconfiança do mundo. Péssimo começo
De Jaques Wagner (PT-BA), senador eleito e ex-ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, sobre o discurso de Jair Bolsonaro em Davos