Para juízes e advogados, potencial de dano da ação no STF é inestimável e pode prejudicar Flávio Bolsonaro

Que cavastes com teus pés Ainda é inestimável o estrago que a ação movida pelo 01, Flávio, –e abraçada por Luiz Fux, do STF– poderá causar ao clã Bolsonaro. O primogênito do presidente alçou seu caso à corte de maior ressonância do país, abriu brecha para ofensiva da PGR sobre o pai e, ainda, ceifou parte das alternativas que, à frente, poderiam beneficiá-lo. Se devolver o caso à primeira instância, o relator, Marco Aurélio Mello, colocará uma pedra sobre a chance de a defesa, adiante, alegar nulidades na investigação.

Pela culatra Criminalistas com larga atuação no STF explicam que, ao levar a apuração sobre a movimentação na conta de Fabrício Queiroz, o ex-motorista, à última instância, a defesa de Flávio deu chance para que, com sua decisão, Marco Aurélio Mello valide todos os atos do Ministério Público do Rio até aqui.

Faltou estudo Não são poucas as investigações rumorosas que caíram em cortes superiores por falhas formais de procedimento da acusação. A Castelo de Areia talvez seja uma das mais famosas.

Efeito colateral Há espaço ainda para o relator pedir parecer da Procuradoria-Geral. Daí o risco de o cheque enviado pelo ex-motorista à primeira-dama Michelle Bolsonaro entrar na mira do STF. O presidente já disse que o destinatário do dinheiro era ele.

Mas já? Ministros do STF se espantaram com o tamanho da trapalhada. “O enredo não é bom e o motorista apareceu cedo demais”, disse um integrante da corte, em referência ao funcionário que teve papel central na queda de Fernando Collor.

Quem pariu Mateus Marco Aurélio avisou que não vai examinar o caso nas férias. “Não há pressa nem urgência.” Indicou, porém, que, em tese, o próprio Fux pode reverter a trava que impôs à apuração. Se houver recurso, explicou, o colega tem a opção de derrubar a liminar que concedeu.

Cala-te boca A ação de Flávio para se blindar recorrendo ao foro especial no STF também trincou discursos de juízes e ex-juízes que simpatizam com os Bolsonaro. Sergio Moro, abril de 2018, tratou o foro como “um escudo” para corruptos. Um mês antes, Marcelo Bretas disse que a prerrogativa era o que “segurava a corrupção”.

Meu interesse A rumorosa viagem de parlamentares do PSL à China foi organizada por Vinicius Aquino, um assessor de Alexandre Frota. É de Aquino a proposta de instalar um projeto piloto de reconhecimento facial no Rio, em parceria com empresa daquele país.

Doeu As críticas do guru Olavo de Carvalho à comitiva –e a consequente reação de filhos e assessores de Bolsonaro nas redes– alarmaram parte dos deputados que topou a viagem e desconhecia a agenda de Aquino. Carla Zambelli (PSL-SP) nominalmente atacada, recolheu-se no hotel para fazer lives.

Por que não eu? No grupo de deputados eleitos pelo PSL houve troca de farpas e questionamentos. Além dos que abertamente criticaram a viagem, houve quem perguntasse qual foi o critério seletivo para destacar os nomes que foram de graça à China.

Eis-me aqui Ideólogo do bloco que tem dado dor de cabeça à articulação para reeleger Rodrigo Maia (DEM-RJ), o deputado Arthur Lira (PP-AL) esteve nesta quarta (16) com o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil). Disse que só há uma diferença entre a pauta econômica defendida por ele e a encampada pelo democrata: “Eu tenho firmeza no que pauto”.

Eis-me aqui 2 Lira também fez uma rodada de conversas com representantes de investidores estrangeiros. Quer passar o recado de que não se furtará a ajudar na tramitação de reformas e projetos importantes.

Bandeira branca? Candidato à reeleição à presidência da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) está tentando promover um armistício com Arthur Lira. Por meio de aliados, os dois falaram sobre um acordo, mas não chegaram a bater o martelo. O deputado do PP segue firme na campanha.


TIROTEIO

Será que a decisão de Luiz Fux vai evitar que Bolsonaro mande um cabo e um soldado para fechar o Supremo?

Da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, sobre o ministro do STF ter suspendido apuração que atinge o senador eleito Flávio Bolsonaro