Para ministros do STF, decreto pró-armas explorou ‘brechas para radicalizar’, mas dentro da lei

Tiro de raspão Ministros do STF se debruçaram sobre o decreto que facilitou a posse de arma e três integrantes da corte fizeram avaliação que deve jogar um balde de água fria na tentativa da oposição de judicializar o tema. O ato de Jair Bolsonaro, disseram dois deles, é tecnicamente alinhado à ordem jurídica. Portanto, apesar do tema controverso, não haveria margem para classificá-lo como inconstitucional. Um terceiro, mais reticente, avalia que o presidente “usou as brechas da lei para radicalizar”.

Fronteira O ministro mais crítico ao decreto diz que é preciso esperar o assunto “decantar” e ter impacto na vida real para avaliar o texto. Há uma unanimidade, porém: uma medida do Executivo que amplie o porte enfrentaria mais resistência no Supremo.

Querida, encolhi o chefe O ministro Sergio Moro (Justiça), que militou por um decreto mais restritivo do que o assinado por Bolsonaro, está com a popularidade em alta. Pesquisa da XP Investimentos em parceria com o Ipespe mostra que a avaliação positiva do ex-juiz supera a do presidente.

Querida, encolhi o chefe 2 O levantamento mensurou opiniões sobre 11 personalidades da política. Moro recebeu a maior nota média: 7,3, numa escala de 0 a 10. Bolsonaro apareceu em seguida, pontuando 6,7. Paulo Guedes ficou com o terceiro lugar, com 6,1.

Pulso ainda pulsa O ex-presidente Lula é o quarto colocado, com nota média de 5,5. A pesquisa será refeita mensalmente. Mil pessoas foram ouvidas.

Avant-première Moro começou a levantar dados para o discurso que fará no Fórum Econômico Mundial, em Davos. A ideia é apresentar os três eixos de sua gestão –combate ao crime organizado, à violência e à corrupção– como temas intimamente ligados ao desenvolvimento social e financeiro do país.

Fiador A equipe de Paulo Guedes também atua para afinar o discurso do ministro da Economia. Ele é visto como peça-chave na conquista da confiança de investidores estrangeiros refratários a Bolsonaro.

Fiador 2 Haverá defesa enfática da reforma da Previdência e da autonomia do Banco Central. A agenda de privatizações e venda de ativos imobiliários também será destaque.

Todo ouvidos O TCU pediu explicações aos ministérios da Economia e do Desenvolvimento Regional sobre o texto que autorizou a prorrogação de benefícios tributários à Sudam e à Sudene.

Todo ouvidos 2 O ministro Bruno Dantas endossou manifestação da área técnica da corte, que vê risco de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Os auditores dizem que o governo não apontou compensação à concessão do benefício.

Todo ouvidos 3 Jair Bolsonaro chegou a anunciar o aumento da alíquota de IOF como maneira de contrabalançar as isenções ao Norte e ao Nordeste, mas recuou.

Cofrinho Reeleito, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) embolsou, dia 28 de dezembro, assim como o pai, o auxílio-mudança de R$ 33,7 mil pago pela Câmara todo fim de legislatura.

Cofrinho 2 A Folha revelou nesta quarta (16) que o presidente havia recebido o valor três dias antes de se mudar para o Palácio da Alvorada. Até o fim do dia, nem ele nem o filho haviam manifestado à Casa intenção de restituir os valores.

Tangente Para ficar com o voto da esquerda sem ter de abrigá-la ao lado do PSL, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articula a formação de um segundo bloco de apoio à sua reeleição, este composto por PT,PC do B, PDT e PSB. Ele promete ao grupo uma vaga na Mesa Diretora.

Visita à Folha Flavio Amary, secretário da Habitação do estado de São Paulo, visitou a Folha nesta quarta (16), onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de José Fernando Lefcadito, superintendente de comunicação da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, e Marina Jabur, assessora.


TIROTEIO

A família Bolsonaro nunca teve pudor de se apoderar de privilégios descabidos. Esse é o seu estilo de combate à corrupção

Do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sobre o presidente ter embolsado o auxílio-mudança de R$ 33,7 mil pago pela Câmara