Antes de IOF, técnicos do governo identificaram erro em fala de Bolsonaro sobre Previdência
Torre de Babel Integrantes da equipe econômica do governo Jair Bolsonaro perderam o sono desde a noite da última quinta (3). As pistas sobre mudanças na Previdência dadas pelo presidente na entrevista ao SBT alarmaram técnicos da Economia. Elas não batem com os estudos que estão na mesa e que embasam as propostas que ainda serão levadas ao Planalto. No dia seguinte, esta sexta (4), veio outra bomba: o anúncio de aumento do IOF que, depois, teve de ser desmentido. Instalou-se clima de apreensão.
Nem eu esperava O nível do desencontro de informações que aflige a nova gestão espantou até a oposição. O fato de o próprio Bolsonaro ter dito que haveria aumento no Imposto sobre Operações Financeiras e, em seguida, o secretário da Receita, Marcos Cintra, ter ido a público explicar que o presidente havia feito confusão gerou perplexidade.
Rir para não chorar Além de especulações sobre o bate cabeça no Planalto, a contradição sobre o IOF desencadeou uma série de gracejos. Marina Silva (Rede) comentou com um aliado: “Mas Bolsonaro não foi desmentido nem pelo dono do Posto Ipiranga [o ministro Paulo Guedes], foi pelo frentista mesmo”.
Conselho tutelar Aliados do presidente dizem que o episódio desta sexta-feira (4) deixou claro que Bolsonaro “precisa ser protegido”, inclusive dele mesmo.
Força do exemplo A Rosas de Ouro, escola de samba de SP, decidiu convocar um ensaio especial, na quarta (9). O anúncio estimula homens a usarem rosa e mulheres a vestirem azul. Não se trata de simples protesto contra a ministra Damares Alves (Direitos Humanos). É uma tentativa de aplacar o pânico que se instalou entre seus integrantes.
Força do exemplo 2 Dirigentes da agremiação receberam áudios de apoiadores desesperados. Muitos apreenderam da fala da ministra a mensagem de que o governo havia proibido o uso de vestimenta rosa por homens, por exemplo, e estavam preocupados com o destino das fantasias.
Abre-alas Técnicos do governo federal desembarcam em Goiás no dia 21 para uma auditoria nas contas do estado. Esse é o primeiro passo para que o estado entre no plano de recuperação fiscal.
O baile todo O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), almoçou nesta sexta (4), em SP, com dirigentes de PR, PRB, PPS, PSD, Solidariedade e Podemos. Eles definiram metas para trazer PP e MDB de volta ao grupo que apoia a reeleição do democrata na Casa.
Unidos venceremos O almoço reuniu as cúpulas partidárias. Nomes como Valdemar Costa Neto (PR), Marcos Pereira (PRB), Gilberto Kassab (PSD) e Paulinho da Força (SD). Integrantes do PP e do MDB que foram surpreendidos pelo acordo de Maia com o PSL tentam articular um bloco para fazer oposição ao democrata ao lado da esquerda.
No encalço O líder do PP na Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não está assistindo à movimentação de Maia parado. Ele desembarca na segunda-feira (7) em Fortaleza para uma conversa com o PDT. O papo será na casa do senador eleito Cid Gomes (PDT-CE).
Progressistas Lira também trabalha para atrair o PT, maior bancada da Câmara. Os petistas estão chamando uma reunião com siglas de esquerda no dia 14 para debater o que vão fazer. Apesar do acerto com o PSL, Maia não fechou as portas para o partido de Lula, mas a sigla diz que agora vê nele “a cara de Bolsonaro”.
Depois de você O presidente da Câmara vai desembarcar no Ceará no dia seguinte à visita de Lira. Cid Gomes, o anfitrião de ambos, atua como bombeiro. Quer levar o PP de volta ao bloco do democrata.
Tá ok! Nas contas de líderes do PR, Maia tem votos para vencer no primeiro turno mesmo se perder o apoio de siglas como o PC do B, o PSB e o PDT. Mais: garantem que, ainda que haja um bloco de oposição a ele, nem todos os deputados da esquerda vão votar contra o democrata.
TIROTEIO
É a primeira vez que vejo um secretário de segundo escalão desmentir um presidente. Um prenúncio do que vem por aí
De Carlos Lupi, presidente do PDT, sobre o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, ter negado projeção de aumento do IOF