Alvo de apreensão, atuação de militares terá limite na Constituição, diz Heleno

Não há nada a temer Principal conselheiro de Jair Bolsonaro (PSL) entre os oficiais da reserva chamados pelo presidente eleito para seu ministério, o general Augusto Heleno diz não haver motivo para preocupação com a atuação dos militares no próximo governo, objeto de apreensão nos meios políticos. Ele lembra que o papel das Forças Armadas está delimitado na Constituição e afirma que os ministros farão seu trabalho sem interferência dos quartéis: “As prioridades são afetas a cada ministério”.

Por toda parte Além de Heleno, que será o chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no Palácio do Planalto, haverá três generais da reserva e um almirante no ministério, e outros três generais ocuparão postos no segundo escalão de Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército.

Farda no armário Na avaliação de um político que conheceu todos eles durante os governos do PT, os generais do presidente formarão um grupo coeso. Eles foram treinados para atuar como líderes executivos competentes e não têm pretensões políticas, diz.

Passando a limpo Para outro ex-interlocutor dos militares na era petista, os futuros ministros farão tudo para evitar a politização dos quartéis, porque sabem como o prestígio das Forças Armadas custou a ser recuperado após o desgaste sofrido na fase final da ditadura militar (1964-1985).

No ninho A revelação da ligação dos irmãos Abraham e Arthur Weintraub com um advogado que foi alvo de uma operação da Polícia Federal e da Receita em novembro aumentou o distanciamento entre os dois economistas e a equipe do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.

Não é comigo Aliados de Guedes colocaram na conta dos irmãos Weintraub a relação com Thiago Simões, que participou de duas reuniões da equipe de transição e é investigado por suspeita de envolvimento com um esquema de fraude e sonegação fiscal.

Longe daqui Colaboradores de Bolsonaro desde a campanha eleitoral, os dois economistas ficaram sem lugar no time de Guedes. Abraham será o número dois do futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), e Arthur deverá ser nomeado para uma assessoria especial na pasta.

Volta à carga Advogados e defensores públicos articulam nova ofensiva sobre o Supremo Tribunal Federal para tentar convencer seu presidente, Dias Toffoli, a antecipar o julgamento das ações que questionam as prisões de condenados em segunda instância, marcado para 10 de abril.

Pedra dura Passado o tumulto causado pela ordem do ministro Marco Aurélio Mello para soltar presos na semana passada, suspensa por Toffoli em poucas horas, o grupo vai sugerir que o tribunal julgue em fevereiro as ações que podem mudar sua orientação.

Ponta do lápis Estudos feitos por defensores públicos mostram que muitos recursos contra decisões de segunda instância têm sido bem sucedidos no STJ (Superior Tribunal de Justiça), obtendo redução de penas e até absolvições. Os números serão usados para reforçar a tese de que é preciso esperar para prender.

Onde há fumaça Encerrado o período eleitoral, quando a segurança da votação eletrônica foi questionada por Jair Bolsonaro, surgiram sinais de que a principal fabricante das urnas usadas no Brasil poderá ter dificuldades para continuar prestando serviços ao Tribunal Superior Eleitoral.

Aperto de cintos A Diebold perdeu contratos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, para quem fornecia caixas eletrônicos e serviços, e se viu forçada a reduzir seu quadro de pessoal no país.

Nova encarnação O PT pensa em aproveitar o início do novo governo para reativar o Instituto Lula, criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois que deixou o poder e esvaziado desde que ele se tornou alvo da Lava Jato. A ideia é transformar o instituto num observatório para monitorar políticas de Bolsonaro.


TIROTEIO

O Natal sem indulto fere uma tradição republicana e mantém milhares sem necessidade no inferno dos cárceres brasileiros

De Pedro Paulo Carriello, defensor público no Rio, sobre Michel Temer decidir não decretar indulto neste ano para evitar nova polêmica no STF

(Ricardo Balthazar (interino), com Thaís Arbex e Julia Chaib)