General da equipe de Moro quer vilas policiais e armas para tropas de elite
Para jogar pesado Eleito com a promessa de respostas rápidas para aliviar a sensação de insegurança da população, Jair Bolsonaro (PSL) receberá um pacote de sugestões do escolhido para formular políticas de segurança pública em seu governo. Integrante da equipe de Sergio Moro no Ministério da Justiça, o general da reserva Guilherme Theophilo vai propor a construção de moradias com financiamento subsidiado para policiais. E quer ampliar o acesso dos estados a armamento pesado, como fuzis.
Inimigo ao lado Theophilo sugere a criação de vilas militares, para dar segurança aos policiais e às suas famílias. “Muitos não chegam fardados em casa porque estão morando ao lado de bandidos”, diz. Ele espera contar com dinheiro de loterias e empréstimos da Caixa Econômica Federal para financiar o projeto.
Na escola Há restrições ao uso de fuzis e outras armas do tipo até para tropas de elite como o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) do Rio de Janeiro. O general quer aliviar exigências para esses grupos nas PMs e nas polícias civis, para que aprendam a usar armamento pesado desde o treinamento.
Escolha as armas Para especialistas, inteligência e planejamento ajudam mais no combate ao crime do que o potencial bélico. “A polícia civil precisa investigar com competência, e fuzis não ajudam nessa atividade”, diz o coronel José Vicente da Silva, antecessor de Theophilo no ministério.
Todos juntos O secretário de Segurança Pública do Maranhão, Jefferson Portela, apresentará a Moro um plano para promover cooperação entre as várias polícias, ampliar o controle de veículos em rodovias federais e criar um banco de dados nacional sobre organizações criminosas.
Água mole… Após jantar com o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, há três semanas, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi procurado pelo empresário Paulo Marinho, seu velho conhecido e suplente do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
… em pedra dura Aliados de Renan, que atua para voltar a presidir o Senado a partir de fevereiro e estava internado para tratar uma pneumonia, viram no gesto do empresário sinal de que terá condições de quebrar as resistências da família Bolsonaro a seu nome.
Os pesos… Dois especialistas que examinaram números dos acordos de leniência fechados pela CGU (Controladoria-Geral da União) com a Odebrecht e a Andrade Gutierrez dizem que o órgão de controle interno tem se mostrado flexível nas negociações com empresas atingidas pela Lava Jato.
… e as medidas Na terça (19), a CGU informou que a Andrade Gutierrez admitiu ter pago R$ 328 milhões em propina, o equivalente a 37% dos lucros indevidos que obteve no setor público. A Odebrecht, que assinou acordo com o governo em julho, admitiu pagamentos ilegais de R$ 900 milhões, ou 69% dos seus ganhos.
Mesma régua Para os especialistas, a discrepância sugere que, ao analisar as informações das empreiteiras, a CGU tem procurado ajustar os valores à capacidade econômica das empresas para não asfixiá-las com as penalidades. Segundo a CGU, a metodologia adotada é igual para todas.
Dedo no gatilho Os tucanos se dividiram diante do pedido do deputado Wherles Rocha (AC) para que o PSDB expulse o senador e deputado eleito Aécio Neves (MG), que foi alvo de ação policial novamente na última semana. A ala favorável à punição argumenta que o partido deve resposta rápida aos eleitores.
Sem pressa Aliados do presidente da sigla, Geraldo Alckmin (SP), dizem que não há motivo para afobação. Lembram que Aécio ainda está se defendendo na Justiça e preveem que as pressões diminuirão com as festas de fim de ano e o recesso parlamentar.
Prata da casa Dirigentes do PSDB têm expressado frustração com o espaço obtido na equipe do governador eleito João Doria em São Paulo. Com três secretarias pouco expressivas, os tucanos também se dizem alijados na divisão de postos no segundo escalão.
CONTRAPONTO
Está difícil desapegar
Senadores que não se reelegeram usaram a última sessão do ano na Comissão de Assuntos Econômicos, na quinta (18), para se despedir. Armando Monteiro (PTB-PE) disse que sentirá falta do vice-presidente do órgão, Garibaldi Alves (MDB-RN).
— Vou propor a criação de uma associação dos ex-integrantes da comissão e quero ver se podemos contar com sua participação, não mais na condição de vice, mas de presidente!
— Eu fui apenas um vice. Vice é vice, apesar de, no Brasil, haver uma mudança desse conceito. O vice aqui passa a ter condições. E eu já estava até tomando gosto! — brincou Garibaldi.
(Ricardo Balthazar (interino), com Thaís Arbex e Julia Chaib)