Partidos veem contas de ex-assessor do filho de Bolsonaro como teste para eleito

Batismo de fogo Líderes partidários alinhados com Jair Bolsonaro (PSL) observam com atenção as primeiras reações dele e de seus colaboradores à revelação de suspeitas sobre a movimentação financeira de um ex-assessor do seu filho mais velho, o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (RJ). Para esses caciques, o caso será um teste importante para avaliar a capacidade que o presidente eleito terá de sustentar o forte discurso anticorrupção que transformou num pilar de sua campanha eleitoral.

Própria carne Nesta sexta (7), Bolsonaro disse ao site O Antagonista que os R$ 24 mil repassados pelo policial Fabrício José de Queiroz a sua mulher, Michelle, representam o pagamento de uma dívida antiga com ele. Flávio reafirmou sua confiança no ex-assessor.

Bomba no colo Líderes partidários veem o episódio também como desafio para o futuro ministro da Justiça, Sergio Moro. Ele terá sob seu guarda-chuva o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que apontou as suspeitas nas contas de Queiroz.

A seu tempo A Procuradoria da República no Rio, que investiga suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro na Assembleia Legislativa do estado e analisa o caso, ainda não decidiu que providências tomará em relação ao policial e a outros assessores que chamaram atenção do Coaf.

Questão de estilo Integrantes da equipe de transição consideraram equivocada a reação do futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Ele atacou o Coaf e a imprensa e abandonou uma entrevista coletiva ao ser questionado sobre o caso nesta sexta.

Entre no grupo Aliados de Bolsonaro no Congresso também viram com preocupação a exposição pública do bate-boca entre integrantes do PSL em mensagens no WhatsApp. Para eles, caberá ao presidente eleito pôr freio às desavenças para não prejudicar a articulação do futuro governo com o Legislativo.

Deixa para lá Em reunião com a bancada do MDB na terça (4), Bolsonaro e Onyx deixaram no ar uma pergunta do deputado Celso Maldaner (SC) sobre o projeto de lei que dá autonomia ao Banco Central, do qual ele é relator. Passaram a impressão de que a proposta não irá a votação tão cedo.

Em silêncio Dirigentes do PSDB recomendaram aos tucanos que aceitarem cargos no futuro governo que se desliguem do partido, ou peçam desfiliação temporária.

Aviso prévio Cotado para a secretaria-executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia, o ex-deputado Júlio Semeghini (SP) conversou com o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, e disse estar disposto a deixar a legenda assim que a indicação for confirmada.

Melhor assim Convidado para a equipe de articuladores políticos que Onyx quer formar na Casa Civil, o deputado Danilo Forte (CE) ouviu de Alckmin que será melhor se afastar do partido. Assim, disse, não criaria constrangimento para os tucanos que preferem ficar independentes.

Vem comigo Além de procurar o PR e o Podemos, integrantes do PSL que tentam articular um bloco para sustentar a candidatura de João Campos (PRB-GO) à presidência da Câmara querem conversar também com o ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, e integrantes do PP.

Melhor garantir A outra ala do PSL, que buscou aproximação com o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acha que Campos acabará retirando seu nome, e teme ficar sem posições na direção da Casa se não apoiar Maia.

Time escalado O Tribunal de Contas da União e órgãos de controle dos estados indicaram nesta sexta (7) seus representantes para o comitê criado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, para destravar grandes obras paradas no país.

Visita à Folha Fábio Konder Comparato, jurista, Beatriz Bracher, escritora, e Eleonora de Lucena, jornalista, visitaram a Folha nesta sexta (7).


TIROTEIO

Em meio à crise que o país atravessa, o momento é de união. Temos de evitar questiúnculas e pensar no futuro do Brasil

Do deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP), sobre o bate-boca entre integrantes da futura bancada do PSL de Jair Bolsonaro na Câmara

(Ricardo Balthazar (interino), com Thaís Arbex e Julia Chaib)