Foco de Moro no combate à corrupção e lavagem preocupa especialistas em segurança pública
A árvore e a floresta A quase onipresença de delegados da PF na equipe que Sergio Moro levará para o Ministério da Justiça começou a despertar preocupação em especialistas em segurança, e ciúmes entre integrantes de outras categorias do funcionalismo vinculadas à área. A avaliação do primeiro grupo é a de que o time escolhido por Moro tem experiência no combate à corrupção e ao crime organizado, mas é pouco afeito a outros temas essenciais à pasta, como políticas de redução de homicídios e roubos.
Mais do que isso O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, diz que, para o foco no “combate à corrupção e ao crime organizado, nesta chave de estancar a lavagem de dinheiro”, a batuta de Moro está correta. “O problema”, acrescenta, “é que as demais agendas ficaram descobertas”.
Por que não eu? Dirigentes de associações que representam outras carreiras do serviço público vinculadas à segurança usaram um grupo de WhatsApp para criticar a predileção de Moro por delegados da PF.
Amplie Nas mensagens, representantes de policiais militares, civis, agentes da PF, praças e procuradores disseram, nesta segunda (26), que vão acionar “todos os contatos para fazer chegar até ele [Moro] que existe vida além dos delegados na segurança”.
Sem desatino Moro telefonou para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para expor preocupação com a eventual ida ao plenário de projeto que, ele crê, pode afrouxar o combate a crimes de colarinho branco. Ouviu que nada será votado sem que os especialistas interessados no tema sejam ouvidos.
Pode apostar Líderes do Congresso dizem que, após o presidente Michel Temer sancionar o reajuste do salário dos ministros do Supremo, haverá um movimento para que o Legislativo também engorde seu contracheque. Deputados e senadores vão se agarrar no argumento de que há pressão dos servidores.
Gaste o latim O presidente STF, Dias Toffoli, vai receber a bancada do PSOL na Câmara nesta terça (27). Os deputados vão pedir que a corte mantenha na pauta de julgamentos a análise de ação que pode travar o avanço do “Escola Sem Partido” no Congresso.
Deixe ficar Técnicos da equipe de transição do governo Jair Bolsonaro (PSL) vão propor ao presidente eleito que mantenha a estrutura do Ministério do Esporte, sem fundi-lo a outra pasta, como Educação.
No lucro Após consultar especialistas e destrinchar o Orçamento, o grupo de Bolsonaro concluiu que a economia gerada pelo fim da pasta seria pequena comparada ao retorno que o Esporte dá.
Gestão Kinder ovo O anúncio do general Santos Cruz como chefe da Secretaria de Governo sintetiza o modus operandi de Bolsonaro. O núcleo político da transição foi pego de surpresa —não sabia da indicação. Há menos de uma semana, um dos principais auxiliares do presidente eleito, Gustavo Bebianno, disse que a pasta seria extinta.
Ouro de tolo A indicação de Santos Cruz intrigou líderes do Congresso, e incomodou aliados de Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Há cada vez mais indícios de que o gaúcho foi escolhido para chefiar uma Casa Civil esvaziada.
Caneta sem tinta No Legislativo, a avaliação é a de que Jair Bolsonaro elegeu um tutor para o trabalho de Onyx, que pode ter a atuação restrita à articulação política, sem função executiva.
Ato de conciliação De fora das conversas para a formação de um bloco de esquerda na Câmara com PSB, PDT e PC do B, a direção do PT chamou dirigentes dos três partidos para um jantar nesta terça (27). Os petistas pretendem frear o movimento que pode isolá-los.
Ponto de não retorno A direção do PC do B programou um encontro no fim de semana para discutir a formação do bloco com o PSB e o PDT. Há maioria para fechar acordo.
TIROTEIO
A agenda de Bolsonaro é uma tragédia para os índios. Não abriremos mão da luta pela preservação da nossa identidade
De Sonia Guajajara (PSOL), líder indígena brasileira, sobre o risco de escalada no conflito de interesses em torno de terras demarcadas
Erramos: o texto foi alterado
Diferentemente do que estava escrito na nota "Mais do que isso", Renato Sérgio de Lima é presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e não do Fórum Nacional de Segurança Pública. O texto foi corrigido.