Agenda armamentista de Bolsonaro faz base de Temer reagir à tentativa de aprovar mudanças este ano

Nem tanto ao mar A agenda armamentista de Jair Bolsonaro (PSL) divide partidos que hoje fazem parte da base do governo e que poderiam compor a do presidente eleito a partir de 2019. Ala do centrão vê com grande desconfiança a tentativa de aliados do próximo mandatário de aprovar, ainda neste ano, parte das propostas que facilitam a compra e o porte de armas. Um dirigente que compõe o grupo diz que não há motivo para, antes mesmo da posse, dar tamanho cheque em branco a Bolsonaro.

A mão e o braço A preocupação de dirigentes do centrão com o tema cresceu nesta segunda (29), após Bolsonaro defender em entrevista à TV Record facilitação não só da posse, mas também do porte de armas de fogo. Ele citou como exemplo caminhoneiros que poderiam reagir ao roubo de um estepe.

Meio a meio Consulta pública do Senado sobre a convocação de um plebiscito para discutir a revogação do Estatuto do Desarmamento registrava 468.277 votos “sim”, e 539.836 “não” nesta segunda (29).

Efeito manada A maior parte do centrão, porém, já dá sinais de que pretende embarcar na gestão de Bolsonaro. O PR, de Valdemar Costa Neto, demonstrou satisfação com a inserção que Magno Malta (PR-ES) diz ter no grupo do presidente eleito.

Devagar com o andor… Interessada em reeleger Rodrigo Maia (RJ) presidente da Câmara, a cúpula do DEM também faz acenos explícitos a Bolsonaro. O presidente da sigla, ACM Neto, foi ao Rio, nesta segunda (29), conversar com integrantes do núcleo duro da equipe do próximo mandatário.

… que o santo é de barro Esses gestos enfáticos, porém, também dividem o grupo que alçou Maia ao comando da Casa. Um dirigente de partido aliado diz que o presidente da Câmara deveria saber que pode, sim, se manter no cargo sem o apoio do PSL de Bolsonaro, mas que sem o centrão ele não terá chances.

Balança Na mesma entrevista à Record, Bolsonaro disse que vai sondar Sergio Moro para ser seu ministro da Justiça. Dirigentes de associações de magistrados lembram que, para assumir um posto de confiança, Moro teria que abandonar a função de juiz.

Vai ter luta Dirigentes das principais centrais sindicais acompanham a movimentação de aliados de Bolsonaro que pregam aprovar ao menos parte da reforma da Previdência neste ano. Eles prometem ir às ruas caso o projeto volte à pauta. Os sindicalistas se reúnem na quinta (1º).

Infiltrados Agentes da Polícia Federal que estavam no Tribunal Superior Eleitoral durante a apuração dos votos, no domingo (29), identificaram que, dos cinco representantes que o PSL enviou para acompanhar a totalização na chamada sala-cofre, quatro são especialistas em TI.

De olho Os consultores enviados pelo partido têm diversas postagens nas redes contra as urnas eletrônicas. O próprio presidente eleito criticou em diferentes oportunidades a segurança da votação.

Palanque Aliados do ex-presidente Lula acreditam que ele usará o depoimento a Sergio Moro sobre o processo que apura a propriedade e reformas no sítio em Atibaia (SP), dia 14 de novembro, para fazer um forte discurso a respeito do resultado das eleições presidenciais.

Munição Será a primeira vez que Lula sairá da carceragem da PF desde que foi preso. Auxiliares do petista dizem que ele usará os acenos de Bolsonaro a uma possível nomeação de Moro ao Supremo para questionar a imparcialidade do juiz. Lula lembrará que o presidente eleito declarou publicamente que quer vê-lo apodrecer na cadeia.

Visita à Folha Guilherme Guimarães Feliciano, presidente da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), visitou a Folha nesta segunda (29). Estava acompanhada de Viviane Dias, assessora de imprensa.


TIROTEIO

O Brasil nunca saiu de uma crise sem conciliação. Se Bolsonaro tem uma espada em uma mão, terá que ter uma flor na outra

Do ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo), sobre os desafios que o presidente eleito terá pela frente para unir e conseguir governar o país