Nem tudo do discurso de Bolsonaro pode se converter em atos, diz vice-PGR; STF cobra respeito às instituições
Muros de contenção Não foram poucos e nem velados os recados enviados a Jair Bolsonaro (PSL) logo após a sua eleição. O STF e a cúpula da PGR fizeram questão de chamá-lo à moderação. O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo, prega “respeito incondicional às instituições e aos direitos fundamentais, em especial minorias e grupos mais vulneráveis”. Luciano Mariz Maia, vice-procurador-geral, avisa: “Ele será o primeiro a identificar que nem tudo de seu discurso pode se converter em atos concretos”.
Recado dado Ao Painel, Lewandowski lembrou que, “em tempos de crise, quando os consensos se fragilizam, o abrigo mais seguro para a sobrevivência de todos é a plena adesão ao pacto social representado pela Constituição”.
O jogo virou Diante do passado verborrágico do presidente eleito, Mariz Maia, da PGR, salientou que, “até agora, como deputado, Bolsonaro estava acobertado pelo manto da imunidade, uma garantia do Parlamento, que na democracia é o pulmão que precisa veicular as diversas vozes e tendências”.
O jogo virou 2 “No exercício de qualquer outro mandato”, concluiu o vice-procurador-geral, “todos têm o dever de obediência estrita à lei”.
Dizer o óbvio As manifestações à coluna se somam ao forte pronunciamento que o presidente do Supremo, Dias Toffoli, fez logo após o resultado da votação neste domingo (28). Ele pediu respeito à oposição, defendeu a liberdade de imprensa e lembrou que a corte continuará exercendo função moderadora.
Realinhamento Juristas que acompanham o STF projetam que a pauta conservadora nos costumes encampada por Bolsonaro pode alinhar nomes como Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Rosa Weber à trinca garantista da corte.
Curto-circuito Operadores do mercado ficaram alarmados com entrevista concedida pelo presidente eleito na véspera da disputa, na qual ele pregou meta para o dólar e disse que o nome do novo presidente do BC será submetido a Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que vai chefiar a Casa Civil.
Passo atrás Os entusiastas de Bolsonaro esperam que ele reveja o que disse. Ele falou sobre o assunto ao site Poder360.
Sexto sentido Na manhã deste domingo (28), Fernando Haddad (PT) recebeu alguns de seus mais antigos assessores em casa. Ciente de que o mais provável era a derrota, o petista pediu para que não o abandonassem, pois via risco de ser alvo de uma tentativa de isolamento no PT.
Trincheira Os aliados disseram a Haddad, em resposta, que qualquer que fosse o resultado ele havia vencido, pois sairia maior da disputa. O candidato disse que precisaria de ajuda para enfrentar “o que vai vir pela frente”, abraçou os amigos e chorou.
Cabo de guerra O discurso forte de Haddad após a derrota animou ala do PT que pretende chamar uma reunião na terça (30), em SP, para discutir a formação de uma frente com outros partidos. Há divisão, porém, não só na esquerda como entre os próprios petistas, sobre o rumo a seguir.
Vira o disco A previsão é a de que a direção da sigla, ligadíssima a Lula, resista a alçar Haddad a líder da oposição. Outra ala, porém, diz que ele é o nome e que ou o PT amplia sua pauta de atuação “ou não conseguirá segurar o que virá”.
Para além Há uma corrente na legenda que prega que os petistas abracem uma agenda humanitária ampla, para se reconciliar com setores –especialmente a classe média– que se divorciaram do partido.
Sou você amanhã O PDT de Ciro Gomes vai tentar rachar a esquerda e isolar o PT. A sigla quer formar uma frente com PSB, PSOL e PC do B, mas sem os petistas.
As batatas A eleição de João Doria (PSDB) para governador de SP faz ala do tucanato prever não só uma disputa pesada pelo controle do partido, como também a debandada até de fundadores da legenda.
TIROTEIO
União para defender a democracia. Há que se agir para reorganizar e pacificar o Brasil, imerso em intransigência e radicalismo
Do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, sobre os desafios que se impõem ao país e ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL)