Se Bolsonaro vencer, PT prevê longo inverno para Lula; meta para Haddad é se firmar líder da oposição

Como será o amanhã? Até os petistas mais otimistas fecharam a semana fazendo projeções sobre o futuro da sigla, de Lula e de Fernando Haddad diante da perspectiva de derrota para Jair Bolsonaro (PSL). Dirigentes do PT admitem que a rejeição ao partido precisa ser encarada, e que o resultado da eleição vai obrigá-los a responder a esse fenômeno. Com o rival no poder, a aposta é a de um longo inverno para Lula na cadeia. A meta para Haddad é se firmar como líder da oposição, ainda que parte da legenda resista.

Aos trancos Os resultados do Datafolha em São Paulo e no Rio de Janeiro, que mostraram a desidratação de candidatos a governador que se escoraram em Bolsonaro, preocuparam aliados do candidato do PSL. A dianteira de dez pontos percentuais, porém, ainda é considerada segura.

Em cima da hora Haddad obteve melhoras consideráveis nos últimos dois dias. No Norte, ganhou quatro pontos percentuais, chegando a 41%. Na capital do Rio, avançou de 33% para 37%. A avaliação é a de que a migração de votos do centro para o petista pode ter chegado muito tarde.

Com elas O candidato do PT apareceu neste Datafolha pela primeira vez numericamente à frente de Bolsonaro entre as mulheres: 42% x 41%. Há ainda 7% de eleitoras indecisas.

Reduto Em dez dias, Haddad conseguiu avançar cinco pontos percentuais entre eleitores que ganham até dois salários mínimos: foi de 44% para 49%.

Insone Na véspera da declaração de voto em Haddad, o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa disse a amigos que, este ano, o “buraco é mais embaixo” e o “quadro é bem mais sombrio”. Ele ainda recomendou observar a repercussão no exterior sobre Bolsonaro.

Vista turva Kátia Abreu (PDT-TO), companheira de chapa de Ciro Gomes (PDT), defendeu a decisão dele de não apoiar Haddad e disse que o PT procura “sócio para a derrota”. O PSB diverge: acha que ele ficou míope olhando para 2022.

Meu povo A campanha de Haddad monitora convocações de atos contra petistas nas redes. Na sexta (26), advogados da coligação pediram ao ministro Raul Jungmann (Segurança) proteção policial a diretórios e prédios de sindicatos ligados à sigla.

Visita à casa nova Se for eleito neste domingo (28), Bolsonaro deve viajar já na terça (30) a Brasília, segundo aliados, para ter encontros com o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, com o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e com o presidente Michel Temer (MDB). O candidato vai assistir à apuração dos votos em casa.

Ciúmes de você Dirigentes de partidos do centrão fizeram chegar a aliados de Jair Bolsonaro o incômodo do grupo com acenos do presidenciável a integrantes do DEM para a composição de um possível governo. Disseram que se ele não abrir espaço para as outras siglas do bloco, não conseguirá governar.

Fica a dica Um integrante do grupo sugeriu, inclusive, que Bolsonaro fizesse a fusão do Ministério da Indústria e Comércio com o do Turismo. Seria uma forma, disse o cacique, de compensar o recuo na proposta de juntar a Indústria e a Fazenda.

Quem avisa amigo é O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, diz que, assim que for anunciado o resultado da apuração no domingo (28), Bolsonaro deveria começar a atuar por uma “recostura da sociedade brasileira”. “Ninguém consegue governar apenas para a metade do país”, diz.

Terceirizado Aliados de Antonio Anastasia (PSDB) diziam já na sexta (26) que quem perdeu a eleição para o governo de Minas não foi ele, mas Aécio Neves (PSDB). O candidato tucano disse que vai investir em sua carreira na iniciativa privada no ano que vem.

Com emoção Com as novas pesquisas, a cúpula do DEM, partido de Eduardo Paes, acha que ele consegue virar o jogo e levar o governo do Rio neste domingo (28).


TIROTEIO

Esta eleição é divisor de águas. Deve-se pensar se o resultado refletirá princípios da redemocratização duramente conquistados

De Gilson Dipp, ex-ministro do TSE, sobre a importância histórica da votação que elegerá neste domingo o próximo presidente do Brasil