Em reunião, Alckmin interrompe Doria e insinua que ele é traidor
O esfacelamento do PSDB ficou evidente na reunião da direção nacional da sigla, nesta terça (9), em Brasília. Num episódio atípico para seu perfil, Geraldo Alckmin, presidente do partido, chamou João Doria (PSDB), candidato da sigla ao governo de São Paulo, de “traidor”, informam Daniela Lima, Thais Arbex e Thais Bilenky.
Doria participava do encontro e houve debate. A reunião acontece a portas fechadas. O Painel confirmou o episódio com três fontes que estão no local. Um dos integrantes da sigla que relatou a discussão diz que o presidenciável ainda teria justificado: “E nem falso”. Mas outros participantes afirmam que essa crítica foi disparada da plateia e não por Alckmin.
O ex-governador foi o responsável pela ascensão de Doria dentro do PSDB. O presidenciável tucano comprou uma briga interna pesada para lançar o então aliado à prefeitura de São Paulo, em 2016.
Após vencer a disputa, Doria passou a flertar com a ideia de concorrer à Presidência. Alckmin se impôs, saiu candidato ao Planalto e Doria deixou a prefeitura para disputar o governo do Estado. Ao longo da campanha, porém, com o padrinho político passando por dificuldades, o ex-prefeito subiu o tom de seu discurso, aproximando sua fala da de Jair Bolsonaro (PSL).
No domingo (7), logo após a votação do primeiro turno, quando Alckmin já havia perdido e o PSDB amargava o pior resultado desde sua fundação, Doria declarou apoio a Bolsonaro.
O embate desta terça (9) ocorreu durante encontro em que o tucanato discutiu a posição da sigla neste segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
Doria iniciou sua fala pedindo uma salva de palmas para Alckmin, derrotado no primeiro turno da disputa presidencial. O ex-governador, então, fez sinal de não com as mãos. Segundo aliados, Doria interpretou o gesto como um “não precisa”. Já aliados de Alckmin dizem que ele estava mesmo recusando a homenagem.
Durante o encontro, Alckmin também ouviu Doria e outros quadros do partido defenderem o apoio a Bolsonaro –coisa que o candidato paulista fez no próprio domingo (7), logo após a votação. Depois, ele reclamou da falta de planejamento para o segundo turno. Neste momento é que Alckmin teria se irritado.
Doria discursava quando foi interrompido por Alckmin. Neste momento, o tucano disse que o “traidor” ali não era ele. E emendou que também não era falso.
Candidato ao governo paulista, Doria está em uma ofensiva para tirar Alckmin do comando nacional do PSDB. O ex-prefeito disputa o governo paulista e quer tomar controle do partido, aproveitando-se da derrota de Alckmin na eleição presidencial.
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