PT fala em ‘massacre’ no primeiro turno e decide reorientar campanha de Haddad

Fatos incontornáveis O resultado obtido por Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno –descrito por um integrante da coordenação da campanha de Fernando Haddad (PT) como “um massacre”– obrigou a cúpula petista a enfrentar a realidade: o discurso calçado só no legado de Lula chegou ao limite e uma reorientação da rota da campanha será obrigatória. Os dois candidatos que vão ao segundo turno fizeram acenos ao centro. Dirigentes partidários deste campo veem, hoje, Bolsonaro como franco favorito.

Frio na espinha Durante a apuração dos votos, dirigentes do PT chegaram a jogar a toalha. Em vários momentos acharam que o partido ia perder já no primeiro turno.

Barba, cabelo e bigode Bolsonaro não só impulsionou candidatos a governador e senador em colégios eleitorais importantes, como Minas e Rio, como também fez com que sua sigla emplacasse campeões de votos nos estados com mais eleitores.

Que tiro foi esse? O resultado final da apuração indica que a polarização e a pregação do voto útil fizeram com que Bolsonaro e Haddad dragassem ao limite votos de seus rivais. Alvaro Dias (Podemos) pontuou 0,8%. Marina Silva (Rede), 1%. Cabo Daciolo (Patriota) teve mais votos do que ela e do que Henrique Meirelles (MDB). Bateu 1,26%.

Fora todos Dirigentes de diversos partidos se espantaram com a renovação imposta pelas urnas ao Congresso. Nomes tradicionais da direita e da esquerda foram limados. “Foi uma eleição contra o establishment”, comentou Aécio Neves (PSDB-MG), que se elegeu deputado federal.

#Elesnão Políticos que se projetaram na tropa de choque de Michel Temer na Câmara, como Beto Mansur (MDB-SP) e Darcísio Perondi (MDB-RS), não conseguiram se reeleger. Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), irmão de Geddel, o das malas de dinheiro, também ficou de fora.

Sem trégua A batalha entre PT e PSL nos tribunais começa já nesta segunda (8). A campanha de Haddad vai apresentar três ações contra Bolsonaro no TSE. Uma dela vai questionar a divulgação de fake news no dia da eleição, como um vídeo que relatava erro em uma urna eletrônica. Tratava-se de uma montagem.

Onde falta Integrantes da equipe de Bolsonaro dizem que ele vai incorporar ainda mais o figurino de antipetista no segundo turno. Há, porém, determinação para reforçar a comunicação do candidato com os grupos que o rejeitam, como as mulheres, os negros e o eleitor do Nordeste.

Eu já sabia Pesquisas encomendadas pelo PSL na tarde deste domingo (7) apontavam que o deputado disputaria o segundo turno contra Haddad.

Pena para todo lado A duríssima derrota sofrida por Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e o desempenho do tucanato em geral nas eleições são prenúncio de batalha interna sobre os rumos do partido. Logo após a divulgação dos resultados, uma ala já pregava que o paulista, presidente da sigla, colocasse o cargo à disposição.

Nova direção Se João Doria vencer a disputa pelo governo de SP, aliados apostam que ele forçará o PSDB a dar uma guinada à direita e tentará expurgar quadros históricos, como Alberto Goldman (PSDB-SP).

Incólume Há preocupação no PSDB de Minas. Romeu Zema (Novo) que vai disputar o segundo turno contra Antonio Anastasia passou a campanha “praticamente limpo, sem ataque”, diz um aliado do tucano. Todos os dias da segunda fase da disputa serão usados para construir a rejeição do rival.

No muro O PSDB mineiro ainda não sabe o que fazer, mas a tendência é a de que Anastasia não declare apoio nem a Bolsonaro nem a Haddad.

Diga a que veiopregação de aliados de Bolsonaro contra a segurança das urnas dividiu o TSE. Uma ala deu de ombros às fake news de apoiadores do PSL. Outra, cobrou reação enérgica. “É o estado quem deve acuar os bandidos, não o contrário”, disse um ministro.


TIROTEIO

Desta eleição tiramos uma grande lição: ninguém mais aceita o ‘blá, blá, blá’ dos políticos tradicionais e tampouco enganação

Da senadora Marta Suplicy (sem partido-SP), que decidiu não se candidatar, sobre o recado dado pelas urnas neste primeiro turno,  marcado pela rejeição à política