PT quer ‘Haddad pacificador’ para pintar disputa contra Bolsonaro como ‘civilização x barbárie’
O inimigo do meu inimigo Há meta no discurso que Fernando Haddad (PT) começou a entoar, de defesa do diálogo e de um cessar-fogo entre candidatos. Mais do que atrair votos da esquerda que hoje estão com Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), o petista tenta se colocar, de olho num segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL), como único interlocutor viável para a convivência republicana, inclusive diante de siglas que hoje estão com o PSDB. Um aliado explica: “Este embate precisa ser o da civilização x barbárie”.
Vai tu mesmo Haddad foi instruído a, de agora em diante, projetar a imagem de pacificador. A cúpula da campanha acredita que, consolidado o crescimento do petista, o segundo turno será uma disputa de rejeições: o antipetismo contra o antibolsonarismo. No PT, dizem os aliados, só Haddad tem perfil que possa amenizar a rejeição à sigla.
Missão de paz O petista perseguiu essa estratégia ao discursar domingo (16), em SP, e na sabatina promovida nesta segunda (17) pela Folha, em parceria com UOL e SBT. “Você está falando com uma pessoa que não tem nada de sectário, que ajudará a construir um amplo campo de apoio democrático popular”, disse.
Venha a nós Os aliados de Haddad esperam que ele faça, sim, adiante, um aceno ao mercado. Ele recebeu convites para encontros com banqueiros e empresários. A expectativa do setor é a de que, tão logo ele se consolide como postulante ao segundo turno, dirija-se a eles.
Homem de família O PT prepara um programa biográfico de Haddad para o horário eleitoral gratuito. Parte do filme vai apresentar a mulher do candidato, Ana Estela, com quem ele completou 30 anos de casado.
Meus cabelos brancos O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Moreira Franco (Minas e Energia) tiveram uma longa conversa, nesta segunda (17), em São Paulo. O assunto, claro, foi a eleição presidencial.
Fora da nova ordem Os dois manifestaram profunda preocupação com o clima de intolerância que se instalou na sociedade e com o distanciamento do debate eleitoral de temas que são essenciais ao país, como a retomada da economia e do emprego.
Larga escala De olho em um possível segundo turno, a campanha de Jair Bolsonaro decidiu direcionar esforços à tentativa de diminuir a rejeição do deputado. O vídeo em que ele chora ao falar de sua filha mais nova, já distribuído nas redes sociais, vai ganhar uma versão para a TV.
Precioso A equipe do capitão reformado tem mais sete filmes inéditos para lançar nas redes. A peça em que ele fala da caçula de sete anos é tratada internamente como “a joia da coroa”, por ressoar de maneira eficaz no eleitorado feminino.
Paranoia O teor da polêmica fala de Bolsonaro na internet –na qual ele fez insinuações sobre a segurança das eleições sem apontar fundamentos fáticos– será replicado por aliados. Eles não só sustentarão o discurso de que há risco de fraude como disseminarão o temor de que o candidato sofra novo atentado.
Sozinho nunca Em baixa nas pesquisas e relegado por aliados, Geraldo Alckmin (PSDB) vai se reunir com dirigentes de siglas que compõem sua coligação, nesta terça (18), em SP. Quer pedir engajamento. Ciro Nogueira (PP) avisou que não vai conseguir participar.
Plano B Alckmin quer mostrar a nova estratégia de campanha, apresentar resultados de pesquisas qualitativas e o roteiro da pregação do voto útil.
Pela fé Até entusiastas do tucano reconhecem que, hoje, as chances dele são baixas. Num jantar, no domingo (16), Alckmin disse que, se ganhar três pontos percentuais, torna-se competitivo. Hoje tem 9%.
Visita à Folha Rodrigo Bonilla, diretor para as Américas do WAN-IFRA (Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias), visitou a Folha nesta segunda-feira (17).
TIROTEIO
Fui corregedor da Justiça Eleitoral e posso garantir: não há risco de manipulação nem vulnerabilidade nas urnas
De Cesar Asfor Rocha, ministro aposentado do STJ e ex-corregedor-geral do TSE, sobre as suspeitas infundadas de fraude na eleição