CNMP quer investigar procurador que denunciou professores da UFSC após ato em memória de Cancellier
A corregedoria do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) recebeu pedido para investigar a conduta do procurador Marco Aurélio Dutra Aydos, que denunciou funcionários da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) por ofensa à honra funcional da delegada da Polícia Federal Erika Marena.
No pedido, endereçado ao corregedor Orlando Rochadel, o conselheiro do CNMP Leonardo Accioly da Silva faz um resumo do caso e solicita apuração sobre eventual censura aos acadêmicos, informa Julia Chaib.
“Entendo que, diante da gravidade dos fatos, a Corregedoria Nacional deste Conselho Nacional deve tomar conhecimento, para, se o caso, instaurar o procedimento que entender adequado, a fim de apurar se o Procurador da República, Marco Aurélio Dutra Aydos, com consciência e vontade, desviou-se do interesse público e se utilizou do cargo público por ele ocupado para censurar a liberdade de expressão de acadêmicos, docentes e servidores da UFSC, movimentando todo o aparato de Justiça criminal para tutelar interesse próprio, com base em sentimento pessoal de justo ou injusto”, diz o conselheiro.
O integrante do Ministério Público Federal de Santa Catarina ofereceu denúncia em 24 de agosto contra Ubaldo Cesar Balthazar e Áureo Mafra de Moraes, reitor e chefe de gabinete da reitoria da universidade, respectivamente, por injúria à Marena.
O procurador entendeu que eles cometeram o crime contra a delegada ao participar, em dezembro, de homenagem ao ex-reitor da instituição Luiz Carlos Cancellier, que se suicidou em outubro último após ser alvo de uma operação da Polícia Federal, a Ouvidos Moucos.
Durante o ato em memória de Cancellier, foi exibida uma faixa que trazia uma foto da delegada Erika Marena, responsável pela operação que levou Cancellier à prisão, e críticas ao suposto abuso de poder da Polícia Federal. O ex-reitor se jogou do sétimo andar de um shopping e, em seu bolso, foi encontrado um bilhete que atrelava o motivo da morte à operação policial.
Nem Áureo nem Ubaldo foram responsáveis pela confecção da faixa. Eles apenas apareceram em um vídeo na frente do artefato. Eles também não mencionaram Marena em entrevistas. Ainda assim, se tornaram alvo da PF e, depois, do procurador.
Na denúncia, Aydos afirmou que o reitor deveria ter determinado a retirada da faixa e o chefe de gabinete não poderia ter se deixado filmar em frente ao cartaz. A denúncia foi rejeitada pela Justiça no final de agosto.
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