‘Indignado’, Lula vê cerco em mudança de posição do TSE; aliado guarda plano B

Só quando a corda estourar Alvo de divergência dentro do próprio Tribunal Superior Eleitoral, o entendimento de que os candidatos precisam apresentar seus vices até segunda (6) revoltou Lula. O ex-presidente travou as conversas sobre a composição de sua chapa dizendo-se indignado com o que considera um cerco para antecipar sua saída da cena eleitoral. A cúpula do PT diz que uma pessoa guarda a opção do petista para “a emergência” de ter que definir o nome que será registrado ao lado dele até domingo (5).

Força de vontade A irritação de Lula está atrelada ao fato de que não houve mudança na redação da lei que trata do registro das candidaturas. O texto que vige sobre as eleições deste ano é o mesmo que constava na norma do pleito de 2014.

Passado distante Na ocasião, foi consensual o entendimento de que os partidos poderiam apenas indicar até o fim do prazo para as convenções o colegiado que iria definir a chapa, e não necessariamente apontar os nomes.

Rédea curta Técnicos do TSE dizem que há precedente para empurrar o anúncio do vice até o dia 15 de agosto, data de registro das candidaturas, mas alertam que há ministros dispostos a impor a leitura mais restritiva da lei eleitoral, que prega o detalhamento da chapa até este domingo (5).

Que caiam todos Esses técnicos explicam que, se o PT arriscar extrapolar o prazo, pode abrir caminho para a cassação da chapa completa.

Somente só Lula pediu que seus advogados sondassem a disposição de outros partidos. O MDB já indicou que pretende fechar a chapa de Henrique Meirelles até este domingo. A equipe de Lula espera encontrar ao menos quatro ou cinco partidos na mesma situação.

Há brecha Com a indefinição imposta pelo ex-presidente, o PT vai usar todo o tempo disponível para tentar construir um acordo com a esquerda, inclusive o PDT de Ciro Gomes. Integrantes do PC do B viram na carta aberta de Ciro à militância um novo aceno a Lula.

Cansei? A tensão imposta à esquerda pelo PT, porém, pode se tornar um tiro no pé. Integrantes da coordenação da campanha de Manuela D’Ávila dizem que o PC do B ainda não fechou totalmente as portas para uma aliança com o PDT.

Efeito colateral O doloroso acerto entre o PT e o PSB fez a alegria de Geraldo Alckmin (PSDB). O presidenciável tucano telefonou aos aliados que tem na cúpula do PSB em São Paulo para agradecer.

Efeito colateral 2 Ao, em nome dos petistas, assumir postura de neutralidade, o PSB deixou Ciro Gomes sozinho –justo ele, que aparece no Datafolha numericamente à frente de Alckmin.

Sal grosso Para honrar o trato com o PT, o PSB teve que dissolver seu diretório em Minas, contendo tentativa de seu ex-pré-candidato ao governo, Márcio Lacerda (PSB), de continuar na disputa. Resultado: o clima no partido está péssimo.

Novo alvo Os canhões de aliados de João Doria (PSDB) se voltaram em definitivo para Paulo Skaf (MDB), principal rival na disputa pelo governo de São Paulo. Um vídeo com bastidores de gravações de filmes institucionais que Skaf fez para o Sesi começou a circular no tucanato.

Poucos amigos Os filmes mostram um Skaf extremamente pragmático e um pouco impaciente. Numa das cenas, ele aparece se concentrando para a gravação. “Para quem estou falando?”, indaga. Uma assessora responde: “Para empresários e trabalhadores”. Skaf a corta: “Não. Estou falando com as pessoas”.

O baile todo A expectativa de integrantes do PSDB de Minas é a de que Rodrigo Pacheco (DEM-MG) anuncie neste sábado que desiste de ser candidato a governador para se aliar à campanha do tucano Antonio Anastasia (MG).

Hora H Pacheco teria uma conversa definitiva com a cúpula de seu partido nesta sexta (3). A proposta é a de que ele assuma a disputa por uma vaga no Senado.


TIROTEIO

Enquanto Alckmin fecha chapa com uma líder de jagunços, nós estamos com uma líder indígena. Diga-me com quem andas…

De Guilherme Boulos, candidato do PSOL à Presidência, sobre Geraldo Alckmin ter escolhido Ana Amélia (PP), próxima a ruralistas, como vice