DEM avalia carta para definir princípios econômicos em caso de aliança com Ciro
Casamento de papel passado Mesmo sem decisão tomada, a cúpula do DEM já começou a esboçar os termos que precederiam uma aliança com Ciro Gomes (PDT). Dirigentes da sigla avaliam que a adesão de um partido liberal a uma candidatura alinhada à esquerda precisaria incluir concessões de parte a parte bem delineadas. Segundo esse raciocínio, o trato poderia resultar na apresentação de uma carta que explicitasse compromissos com princípios econômicos. Ela seria lida no ato de formalização.
Fale com eles Os quadros do DEM que não se opõem a Ciro dizem que o ingresso do partido na coligação do pedetista seria por si só um gesto enfático ao mercado e poderia representar para ele o que a Carta ao Povo Brasileiro significou para Lula em 2002.
Colégio de cardeais A cúpula do DEM vai se reunir na quarta (11) para tentar definir seu rumo na eleição presidencial. O grupo que falará sobre o assunto contemplará integrantes das diversas alas do partido: a que defende Ciro, a que aposta em Geraldo Alckmin (PSDB) e a que prefere Álvaro Dias (Podemos).
Colégio de cardeais 2 Com a discussão restrita a esse grupo, o DEM tentará evitar o desgaste de expor um racha interno no encontro da executiva do partido, previsto para a semana do dia 16.
Soma zero Nem a indicação de que o general da reserva Augusto Heleno pode ser vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL) fez a cúpula das Forças Armadas colocar mais fé na candidatura dele. Militares dizem que o parlamentar, excessivamente franco, fala o que vem à cabeça —e que, nisso, ele e Heleno são iguais.
Plano B de luxo Heleno, assim como Bolsonaro, é pouco talhado para o trato com políticos. No PSL, hoje, o senador Magno Malta (PR-ES) é a principal aposta para vice. O general da reserva e a advogada Janaina Paschoal, que pediu o impeachment de Dilma Rousseff, aparecem logo depois.
Já era A nota em que João Doria (PSDB) disse estar focado na disputa pelo governo de São Paulo e apontou Geraldo Alckmin (PSDB) como seu nome para o Planalto desarmou entusiastas de uma troca na chapa tucana dentro do MDB. O lance, que já era improvável, foi praticamente descartado.
Portas abertas A advogada Rosângela Moro, mulher do juiz Sergio Moro, abriu no início deste ano uma empresa de cursos e palestras. Nos registros da firma, ela aparece como sócia dos advogados Carlos Zucolotto Junior, Guilherme Henn e Fernando Mânica. Os dois primeiros dividem uma banca de advocacia.
Assunto meu A empresa de palestras, HZM2, está registrada em Curitiba. Rosângela é casada com Moro em regime de comunhão parcial de bens. Procurada, ela disse que se tratava de um assunto pessoal que preferia não comentar.
Quem é? Zucolotto é amigo do casal e já foi alvo de acusações do advogado Rodrigo Tacla Durán, que prestava serviços para a Odebrecht, não fez delação e fugiu para a Espanha após ordem de prisão. Moro saiu em defesa do colega, que sempre negou as acusações.
Tipo exportação Geoffrey Robertson, advogado do ex-presidente Lula na ONU, e Valeska Teixeira Martins, que integra a defesa do petista no Brasil, vão representar o ex-presidente do Equador Rafael Correa. Na terça (3), a Justiça equatoriana decretou a prisão preventiva dele.
Portunhol Correa é acusado de ter ordenado o sequestro do ex-deputado Fernando Balda, em 2012, na Colômbia. Os advogados estão na Bélgica, onde o político mora há mais de um ano. Defenderão a tese de que, assim como Lula, ele é vítima de lawfare — uso de instrumentos jurídicos para fins de perseguição política.
Não colou O pedido de prisão foi expedido porque Correa não cumpriu a determinação de se apresentar quinzenalmente a uma corte do Equador. Ele chegou a pedir autorização para marcar presença no consulado equatoriano em Bruxelas.
TIROTEIO
O centrão não embarca em canoa furada. Vivem de cargos e verbas e não vão morrer abraçados com picolé de chuchu
Do deputado Paulo Pimenta (RS), líder do PT, sobre o flerte de siglas do centrão com as candidaturas de Ciro Gomes e Jair Bolsonaro