Fragmentação de candidaturas na centro-direita reforça divisões internas nos partidos

Desorientação vertical A fragmentação da centro-direita começa a inflar divisões dentro dos partidos que não conseguem chegar a um consenso sobre o nome que os representará na disputa eleitoral pelo Planalto. Deputados do DEM, por exemplo, estão apartados em três alas: a que prega o apoio a Ciro Gomes (PDT), a que prefere Geraldo Alckmin (PSDB) e a que aposta em Jair Bolsonaro (PSL). No grupo de WhatsApp da bancada da sigla, há discussões e guerra de memes sobre o melhor candidato.

Fale com ele Rodrigo Maia (DEM-RJ) –que ainda ocupa o posto de presidenciável, mas capitaneia conversas com outras legendas– tornou-se alvo de pressão. Semana passada, recebeu um telefonema de um deputado aliado a Alckmin.

Páreo duro  O presidente da Câmara também teve de frear discussão no grupo do partido quando um colega que apoia Bolsonaro enviou um vídeo com uma coletânea de declarações desastradas de Ciro Gomes. Se a decisão do DEM for calçada no quesito quem fala mais besteira, brincou Maia, a competição será acirrada.

Recorte geográfico A divisão no DEM, assim como em partidos do centrão, tem forte viés regional. No PP, por exemplo, os quadros do Nordeste são Ciro Gomes enquanto os do Sul apoiam Alckmin.

Para constar A dificuldade de chegar a um consenso levou siglas como o SD e o PSB a ressuscitarem a tese de que pode ser melhor lançar candidato próprio, mesmo com baixas chances. O escolhido divulgaria palanques de governador na TV e ajudaria as legendas a fugir do embate entre PSDB, PT e PDT.

Homem de missão Dirigentes desses partidos apontam Aldo Rebelo (SD-SP) como opção para a empreitada.

Não desiste nunca A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, pretende se reunir com a direção do PC do B nesta semana para nova rodada de conversas sobre aliança no primeiro turno. Os alvos dela veem com ceticismo a tentativa do PT de manter o nome de Lula na disputa.

Tudo ou nada Aliado tradicional do PT, o PC do B tem dito que só fará sentido caminhar junto se for para formar um bloco de esquerda com PSOL, PSB e o PDT de Ciro Gomes.

Timing Marina Silva (Rede-AC) já definiu a empresa que ficará responsável pelo crowdfunding de sua campanha, mas só lançará a vaquinha virtual após a Copa do Mundo. A Rede tem apenas R$ 10,6 milhões de fundo eleitoral.

Público alvo Marina vai afinar o discurso para tentar pescar eleitores indecisos e que votam nulo ou branco, grupo chamado pela Rede de “nem nem”. A ex-senadora vai explorar a tese de que não tem envolvimento com a Lava Jato e exaltar sua história de vida, de superação da pobreza.

Vai tu mesmo O flerte de partidos de centro-direita com a candidatura de Ciro Gomes (PDT) fez os militares reavaliarem o apoio a Jair Bolsonaro (PSL). Antes resistentes a uma possível vitória do deputado, alas das Forças Armadas agora avaliam que ele pode ser uma opção para barrar a volta da esquerda.

Devagar com o andor  A candidatura do ex-capitão do Exército, porém, não é consenso. Ele sempre foi visto com reserva pela cúpula das Forças.

Letra morta Os advogados do PT pretendem questionar a Lei da Ficha Limpa para defender a candidatura de Lula. Um dos caminhos seria afirmar que a norma fere a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Pacto de San José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário desde 1992.

Letra morta 2 A tese apresentada é a de que artigo da convenção que trata dos direitos políticos diz que um cidadão só pode ser impedido de participar de eleições caso tenha condenação transitada em julgado –quando não cabe mais recurso.

Tu sabes Os advogados do PT separaram precedentes internacionais para sustentar o questionamento.


TIROTEIO

Para quem assumiu o governo paulista pela primeira vez sem um único voto falar em ilegitimidade beira a hipocrisia

De Carlos Marun (Secretaria de Governo), sobre Alckmin dizer que o governo Michel Temer padece de legitimidade porque não teve votos