Parente saiu enquanto ainda tinha força para influenciar escolha de sucessor
Antes do leite derramado Em conversas com pessoas de sua confiança, Pedro Parente, agora ex-presidente da Petrobras, indicou que decidiu deixar a estatal logo após o fim da paralisação dos caminhoneiros para que, com o capital ainda preservado junto ao mercado, tivesse força para impor ao governo Michel Temer a nomeação de um quadro técnico. Alvo de forte tiroteio no universo político, o engenheiro entendeu que se acabasse demitido por pressão do Congresso perderia o cacife para influenciar sua sucessão.
Corpo ainda quente O timing de Parente surpreendeu o governo e desagradou ao PSDB, espécie de fiador de sua ascensão ao comando da Petrobras. Fernando Henrique Cardoso mostrou-se decepcionado.
Corpo ainda quente 2 O engenheiro havia avisado que não sairia em meio à crise dos caminhoneiros, dando sinal de que, com o fim do impasse, pularia fora. Ninguém apostava, porém, que ele anunciaria a decisão no dia seguinte à normalização do abastecimento.
Menino de ouro O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, tornou-se figura sagrada para o governo. Sua atuação tem sido constantemente elogiada pelo presidente Michel Temer.
Gabaritou Auxiliares do Planalto dizem que nesta semana ele foi fundamental para a aprovação de medidas provisórias no Congresso, para a busca de uma saída contábil para o levante nas rodovias e, agora, para a nomeação do substituto de Parente.
A garantia sou eu Foi Guardia quem fez a ponte entre o Planalto e Ivan Monteiro, o engenheiro que vai assumir o comando da Petrobras.
A garantia sou eu 2 Após o pedido de demissão de Parente, o ministro ajudou na análise de nomes e, quando o governo fechou a escolha de Monteiro, telefonou para o engenheiro, que resistia à ideia de aceitar o cargo. Guardia apresentou os planos do Planalto e prometeu que não haveria interferência na estatal.
Dos nossos A escolha de Monteiro foi bem recebida pelo mercado. A aposta é a de que, com sua indicação, o governo tenha garantido a recuperação de ao menos de parte das perdas em ações da Petrobras. Essa tese será testada na segunda-feira (4).
Temos pressa O ministro Moreira Franco (Minas e Energia) encaminhou já na noite desta sexta (1º) ao Conselho de Administração da Petrobras a indicação de Ivan Monteiro à presidência da estatal.
A canoa virou Os cortes do governo para assegurar a redução do preço do diesel terão impacto nos recursos que seriam destinados por medida provisória para a segurança pública. Aliados de Michel Temer já admitem que o valor –que virá das loterias da Caixa Econômica Federal– precisará ser revisado.
Sonho de consumo A ideia inicial era a de que a MP destinasse R$ 1,2 bilhão para a área –e que importante fatia dos recursos bancasse a intervenção federal no Rio.
Ver para crer Os boatos de que nova paralisação dos caminhoneiros estaria em gestação e de que já haveria, inclusive, uma mobilização no estacionamento do estádio Mané Garrincha, em Brasília, fizeram uma equipe da inteligência do Planalto ir até o local para filmar o ato.
Cilada, Bino Com o vídeo em mãos, Sergio Etchegoyen descontraiu reunião dos ministros que monitoram o caso. “Há uma frota no estádio. Uma frota de dois caminhões”, disse.
Nem tudo são lágrimas Há quem tenha conseguido faturar com a paralisação. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB-SP), que tem cerca de 70 mil seguidores em sua rede social, viu o número de engajamentos nas postagens saltar à média de 120 mil.
De carona O governador do estado, Márcio França (PSB-SP), foi alvo de fenômeno semelhante. Com 17 mil seguidores, alcançou um engajamento médio de 47 mil durante a gestão da crise.
TIROTEIO
Dia triste e de retrocesso para o setor. A saída do Pedro é o epílogo da história. Ivan Monteiro desponta como a boa notícia
De Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, sobre a troca no comando da Petrobras nesta sexta-feira (1º)