Governo presta contas ao STF e atua em outros tribunais para evitar novas greves
Ato de rendição No momento em que a crise desencadeada pelos caminhoneiros começa a arrefecer, o governo Michel Temer faz uma força-tarefa para prestar contas ao STF e convencer outros tribunais a não encorajarem novas paralisações. Relator no Supremo da ação que autorizou o uso das forças de segurança na liberação de rodovias, Alexandre de Moraes recebeu, na segunda (28), a advogada-geral da União, Grace Mendonça, o ministro Raul Jungmann (Segurança) e o diretor da PF, Rogério Galloro.
De corpo e alma Além de ingressar com a ação, Grace Mendonça foi ao Tribunal Superior do Trabalho defender a proibição da greve dos petroleiros. A AGU argumenta que a categoria está sob acordo coletivo até agosto do ano que vem e que tem motivação política para instigar paralisação.
Prestar contas Ainda na segunda, Moraes recebeu, em seu gabinete no STF, o comandante do Exército, general Villas Bôas. Há uma preocupação em deixar o ministro a par das ações em curso. A liminar em que ele autorizou o uso de efetivo policial foi um ativo para o Planalto em momento de extrema fragilidade.
O elo Na segunda (28), Grace Mendonça também esteve com a presidente do Supremo, Cármen Lúcia. Ela é uma das poucas integrantes do governo Temer que tem boa relação de fato com a ministra.
Toda ouvidos Pessoas próximas à presidente do STF dizem que ela manifestou profunda preocupação com o quadro nacional. Além de Mendonça, ela falou sobre o assunto com Jungmann e com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Leiam os sinais O ministro Gilmar Mendes tem dito que o levante dos caminhoneiros e a reação da sociedade deveriam estimular a reflexão dos colegas. “Ninguém foi às ruas pedir a ascensão de juízes ou promotores. Eles pediram os militares.” Mendes é voz ativa contra o que chama de criminalização da política.
Conselheiro Mendes e o presidente Michel Temer falaram por telefone diversas vezes desde que o levante começou, há 11 dias. O ministro opinou, por exemplo, sobre o decreto editado pelo governo que permitiu a requisição de bens para assegurar o abastecimento em meio à ação paredista.
Jovens: envelheçam Pesquisa Datafolha mostra que o maior índice de brasileiros que querem o fim dos atos dos caminhoneiros está entre os que têm mais de 60 anos. Nessa faixa etária, o percentual dos que pregam a normalização dos serviços é de 58%.
Síndrome de Estocolmo O Datafolha mostra que o apoio expressivo à categoria se mantém mesmo com a maioria (59%) reconhecendo que as medidas anunciadas para conter o levante trazem prejuízos para a população em geral.
Filho é teu A decisão de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) de pedir o fim da paralisação dividiu seus apoiadores entre os que ainda pregam o suporte aos caminhoneiros e os que dizem que o ideal é desmobilizar porque a esquerda teria sequestrado o movimento.
Coração vermelho Em grupos de WhatsApp pró-Bolsonaro, o anúncio da greve dos petroleiros, marcada para esta quarta (30), é usada como principal indício de infiltração da esquerda. O sindicato da categoria é ligado à CUT.
Vai dar ruim Antes mesmo de a Justiça barrar a paralisação, dirigentes sindicais relatavam temer que, com a liberação das rodovias, a insatisfação crescente com a falta de combustível nas grandes cidades recaísse sobre os petroleiros.
Segura as pontas Numa vacina, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que os estoques que ficaram retidos por causa da paralisação dos caminhoneiros seriam suficientes para garantir o abastecimento.
Voa, balão Antes de seu encontro com a bancada do PR na Câmara, nesta terça (29), Josué Gomes almoçou com Valdemar Costa Neto. Recebeu sinal verde para tocar a pré-candidatura presidencial.
Por todos Estados como São Paulo e Espírito Santo embolsam 12%. O Amapá, 25%. Para o capixaba, é preciso convergir. “E, se precisar de sacrifício maior, devemos fazer para que o país acalme”, diz.
TIROTEIO
Bolsonaro parece o personagem que dá o combustível para incendiar e depois aparece na cena com uniforme de bombeiro
Do deputado Silvio Torres (SP), tesoureiro do PSDB, sobre o presidenciável ter recuado do apoio que declarou aos paredistas