PT usa paralisação de caminhoneiros para reforçar candidatura de Lula

De carona com o caos O PT vai tentar surfar ao máximo na nova onda de críticas ao governo Michel Temer após a paralisação dos caminhoneiros. A sigla pretende usar o levante como mote para defender a participação do ex-presidente Lula na disputa pela Presidência. A ideia é que o tema apareça nos atos que o partido fará neste domingo (27) para reafirmar o lançamento do petista. Os discursos devem dizer que “os brasileiros lembram qual era o preço do botijão de gás e da gasolina na era Lula”.

Memória seletiva Desde que a crise dos caminhoneiros explodiu, o PT faz forte campanha nas redes sociais para alardear que combustíveis e gás eram mais baratos sob a batuta da legenda. As mensagens ignoram o revés da Petrobras no segundo mandato de Dilma Rousseff. Em 2015, a estatal registrou seu primeiro prejuízo desde 1991.

Memória seletiva 2 A Petrobras fechou o ano que antecedeu a queda de Dilma com rombo de R$ 34,8 bilhões.

Sintonize Seis meses antes de a Câmara autorizar seu impeachment, Dilma enfrentou uma paralisação de caminhoneiros em rodovias de 14 estados. Ministros que atuaram ao lado dela dizem que o governo hoje erra feio na comunicação.

AM-FM Sob o PT, as propostas para dar fim aos protestos foram alardeadas por ministros em entrevistas a cerca de 300 rádios do interior. Falas à TV não eram prioridade.

Buscar em casa Integrantes do primeiro escalão do governo receberam vídeos de caminhoneiros pedindo apoio ao levante em frente a comandos militares. Em um filme, o manifestante fala para uma plateia de cima de um tanque que estava exposto no local.

Pedra sobre pedra “Nós, povo brasileiro, queremos o apoio do Exército. Nós não queremos o presidente mais, não queremos o Senado, não queremos o STF. Queremos intervenção militar já“, diz o caminhoneiro. O filme foi feito diante do comando da brigada de cavalaria mecanizada de Santiago (RS).

Sonho meu Apesar dos acenos a uma intervenção, ministros minimizam qualquer desconfiança e dizem que o presidente espera um arrefecimento forte da paralisação até esta segunda (28).

Metade da laranja Integrantes do PRB contam que, em reunião com a sigla na quarta (23), Geraldo Alckmin, o presidenciável do PSDB, sondou a possibilidade de Flávio Rocha ser seu vice. O tucano disse que o dono da Riachuelo tem o que sua chapa precisa: é empresário e do Nordeste.

E eu? As negociações, no entanto, teriam que passar pelo DEM, que atua em bloco com o PRB. Hoje, no cenário sem Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa pelo Planalto, Mendonça Filho (DEM-PE) é cotado para a vice do tucano.

Aos poucos Alckmin voltará a falar com o PRB nesta semana para debater um mapa com opções de alianças pelo país.

Top of mind O PRB quer que Flávio Rocha adote o nome Flávio Riachuelo. A coordenação de sua pré-campanha encomendou pesquisa com a nova alcunha para medir o impacto.

Ideia fixa O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), voltou a trabalhar com a tese de transferir a Polícia Civil da Secretaria de Segurança Pública para a de Justiça. Antes, ele havia cogitado fazer a mudança por decreto, mas acabou recuando.

No papel Na sexta (25), França criou um grupo de trabalho com representantes das duas secretarias e das polícias militar e civil. As discussões devem ser concluídas em até 90 dias. O resultado pode embasar projeto de lei a ser encaminhado à Assembleia Legislativa de São Paulo.

Longo prazo Aliados do governador não acreditam que a proposta fique pronta neste ano, mas só o seu debate já causa polêmica. O presidente da Assembleia, Cauê Macris (PSDB-SP), diz que mudança de política nas polícias não deve ser decidida em um ano eleitoral.


TIROTEIO

Greve de caminhoneiro a gente sabe como começa, não como termina. O governo deixou chegar onde está

DIUMAR BUENO, presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autonômos, um dos líderes da paralisação